Descobrimos este texto atribuído ao (ou inspirado pelo) mestre Ramana Maharshi no canal Divulgación (em espanhol), que reproduz textos sobre a Não-Dualidade. Como a dicção do narrador é muito boa e são poucas as palavras dissonantes ao português, você também pode ouvi-lo no vídeo do texto original em espanhol.
O ego, esse sentido de identidade individualizado, se manifesta ao despertar do sono profundo, quando a mente começa a gerar pensamentos. À medida que os pensamentos emergem, surge a ilusão de um eu separado do resto da existência.
Não obstante, no mais profundo de nossa verdadeira natureza, o si mesmo real sempre existe em um estado de pura consciência.
É importante compreender que o corpo físico é simplesmente uma manifestação transitória, uma aparência momentânea na vasta tela da realidade. É o veículo temporário que a mente utiliza para experimentar o mundo material. Porém, não somos o corpo, mas seres essenciais que transcendem sua aparência física. “Eu sou isto” é uma afirmação limitada que nos ata à identificação com a forma, impedindo-nos de reconhecer a nossa verdadeira natureza, sem forma e sem limites.
Quando entramos em sono profundo submergimos num estado de inconsciência no qual não há percepção do corpo ou de um mundo externo. Embora temporariamente desconectado da realidade física, continuamos a existir em um nível mais profundo; é como se nos submergíssemos no oceano da consciência universal, onde o sentido de individualidade se dissolve. Porém a maioria das pessoas, devido à sua ignorância, se confundem e creem erroneamente que são o corpo, uma entidade separada do si mesmo supremo. Essa identificação errônea cria uma ilusão de dualidade e separação, a qual é a raiz do nosso sofrimento e confusão.
A liberação desta identificação com o corpo e a realização da nossa verdadeira natureza requer um despertar espiritual. Ao conhecer nossa verdadeira essência, podemos libertar-nos dos nossos laços do ego e experimentar a unidade com o todo. Ao reconhecer que somos seres sem forma, ilimitados e eternos, transcendemos a limitação do corpo e abraçamos a nossa verdadeira identidade.
No sono profundo, estamos livres das amarras do corpo, dos sentidos e da mente, porém, quando acordamos nos identificamos novamente com eles e nos vemos arrastados pela ilusão de separação. A chave está em saber que não somos esses elementos transitórios, mas sim algo muito mais profundo e eterno. O pensamento “eu sou isto” é o que dá forma ao indivíduo e cria seu mundo. É um pensamento limitante que nos mantém presos na ilusão da separação.
No entanto, quando nos submergimos no silêncio interior e reconhecemos a verdade do nosso ser, esse pensamento se dissolve na imensidão da consciência pura. O estado de autorrealização é aquele em que desaparece o sentido de um eu individual e experimentamos a unidade como tudo que é.
Neste estado de completa fusão com o si mesmo supremo, não há lugar para a individualidade separada, não há ser à parte da consciência universal que abrange todo o conhecido e o desconhecido.
Na ignorância, percebemos um Universo fragmentado e diverso, porém quando nos conhecemos a nós mesmos, nos damos conta de que não há separação no Universo; a ilusão da individualidade e de outras entidades desaparece, embora continuem a existir em diversas formas.
Em todos os momentos, a consciência pura prevalece e o observador não pode ser separado da consciência mesma. O observador é necessário para que se manifeste a experiência de um objeto, mas em última análise só há o si mesmo: tanto o observador como o observado. Sem o observador não há objetos que sejam vistos; é essencial encontrar o observador, reconhecer sua verdadeira natureza e transcender a ilusão da dualidade.
Quando a mente se submerge em sua própria fonte e se dissolve nela, se produz uma transformação profunda. Nesse estado, já não há sujeito que percebe um objeto, a dualidade desaparece e tudo se funde numa única realidade transcendental. A iluminação é o estado em que não há nada para ver, sentir ou conhecer. É a culminação da compreensão mais profunda, quando os cabelos da ilusão se desvanecem completamente.
Nesse estado de transcendência, não há separação entre o sujeito e o objeto, só há ser, uma presença consciente que abrange tudo o que é.
Ramana Maharshi
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