Meditação (Dhyana)

➡️ Da raiz dhyai / dhyā: ver; contemplar.
🔽➡️ sentidos derivados: meditar sobre; pensar em.

Na raiz da palavra sânscrita dhyana está a chave do seu significado. Originalmente, dhyana significa contemplar, ver, no sentido de perceber. Na experiência real, o ato de pensar ou meditar sobre vem depois da contemplação – o mesmo ocorre com o sentido derivado da palavra.

Nas línguas ocidentais, dhyana às vezes é comparada com o ver grego theáomai (θεάομαι), que significa ver, contemplar.

Já o significado da palavra “meditação”, de meditar, vem do verbo latim meditor, que está mais associado a esse sentido de pensar, refletir, considerar, meditar sobre, embora às vezes também signifique contemplação.

O que é meditação

O sânscrito possui muitas palavras que não encontram equivalência em idiomas europeus porque descrevem experiências que não faziam parte do universo ocidental. Dhyana é uma delas. Então, quando esta palavra (e a experiência que ela representava) veio para o ocidente, de certa forma transformou o significado da palavra meditação, acrescentando ou reforçando um segundo sentido.

Assim, meditar possui dois significados básicos:

  • pensar sobre (refletir, analisar, ponderar, etc.). Ex: Estava meditando sobre…
  • contemplar (ver, perceber), mas não no sentido ordinário dos termos. Aqui, a percepção não acontece a partir dos órgãos dos sentidos mas quando saímos deles e da mente ordinária e estamos conscientes de nosso verdadeiro ser, da consciência, da testemunha, que observa, contempla, experiencia.

Geralmente, quando se fala em meditação em meios de autoconhecimento, estamos falando desse segundo conceito. Embora o efeito derivativo de pensar possa surgir, em última análise quando a mente começa a refletir sobre, você saiu da meditação.

Meditar é ver, perceber, contemplar a partir de nosso verdadeiro ser, da consciência, da testemunha.

Contemplar o quê?

Em meditação, podemos contemplar ou observar a mente (e percebermos que não somos ela), os corpos, qualquer entidade ou objeto, o mundo e mesmo a Existência toda.

Meditar é estar em um estado de centramento ou de testemunha. Assim, pode-se estar em estado meditativo mesmo durante o estado de vigília e enquanto se realizam ações neste mundo.

Quando o meditador e a observação se absorvem naquilo que é contemplado, quando não há mais dois, dizemos que a meditação evoluiu para samadhi, a Suprema Unidade.

Insights e citações sobre meditação

No profundo silêncio, não há o que é meu e o que é seu. A vida é simplesmente vida, é um fluxo. Estamos unidos por fios invisíveis. Se eu o feri, feri a mim mesmo. Se eu me ferir, estou ferindo você e todo mundo.

Osho, em Iluminações da Alma (Passagem 156)

Dhyana ou meditação é o 7º membro ou passo do Raja Yoga descrito nos Yoga sutras de Patanjali (3.2), utilizado em muitos (senão todos) yogas, pois a meditação pode ser descrita como o propósito do yoga em si, que leva a seu objetivo final, o samadhi – todos os seis passos precedentes são preparação para ela.

“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

Jesus, em Mateus 6:33

Os indianos chamam o Reino de Deus de samadhi ou autorrealização – e ele pode – ou deve – ser buscado. O jeito oriental de fazê-lo e alcançá-lo era e é através da meditação.

“O estado mais elevado é aquele no qual a presença imensa é avistada em todas as coisas. O estado intermediário é o da meditação. O estado inferior é o dos hinos e das orações. Mais baixo ainda está o culto exterior.”

Mahanirvana Tantra – tradução Revista Planeta Especial Ramakrishna de fev/1975

No Raja Yoga, a mente entra em dhyana quando consegue se manter em dharana ou concentração por algum tempo.

Quando você olha fixamente para uma foto, isso é trataka. Quando você fecha os olhos e visualiza mentalmente a imagem, isso é saguna dhyana (meditação com forma [guna]). Quando você associa os atributos de Deus, como onipresença, onipotência, onisciência, pureza, perfeição etc., o nome e a forma do objeto de trataka desaparecem automaticamente e você entra no nirguna dhyana (meditação abstrata, sem forma).

Swami Sivananda, em Kundalini Yoga, p. 42 (port. 57)

“Acomodando o corpo em postura adequada sobre uma peça baixa de madeira, usando a sílaba Om, e através do calor produzido pela prática da meditação, pode o praticante perceber o seu próprio Ser luminoso, oculto em si mesmo como o fogo na madeira.

(…) o Ser Interno é realizado no interior do homem quando este O procura com a Verdade e a austeridade.

Quando o homem observa o Ser Interno, o qual permeia toda as coisas do mesmo modo que a manteiga está contida no leite, então ele percebe que as raízes do Ser Interno são o Autoconhecimento e as austeridades. Este é o Brahman ensinado pelas Upanishads; sim, este é o Brahman ensinado pelas Upanishads.”

Shvetashvatara Upanishad I.14-16, traduzido por Carlos Alberto Tinôco em As Upanishads

“A totalidade do universo é preenchida por Purusha, para quem nada é superior, para quem nada é diferente, para quem nada é maior ou menor; quem se mantém só, imóvel como uma árvore, alcança Sua glória.”

Shvetashvatara Upanishad III.9, traduzido por Carlos Alberto Tinôco em As Upanishads

“O Ser Interno, menor que o menor, maior que o maior, está oculto no coração das criaturas. O sábio, pela tranquilidade da sua mente e equilíbrio dos seus sentidos, observa o Senhor Supremo, majestoso e sem máculas, tornando-se livre dos grilhões e das amarras que prendem o homem ao mundo.”

Shvetashvatara Upanishad III.20, traduzido por Carlos Alberto Tinôco em As Upanishads

Preparação

Local

Alguns iogues como Sivananda e Vivekananda recomendam que se tenha um local próprio (ou de uso preferencial) para sua prática espiritual, estudos elevados, yoga e meditação. Para preservar a vibração desse local, não permita-se ter pensamentos negativos ali e tenha uma atenção especial para que outras pessoas em sintonias diferentes não o adentrem ou permaneçam lá, sobretudo se não estiverem conscientes da sacralidade do local para você.

Se desejar, você pode utilizar artifícios para aumentar sua sensação espiritual nesse aposento ou local, como ligar uma música, borrifar um aromatizador, queimar um incenso e pendurar quadros, mas o mais importante é a sua emanação mental e espiritual enquanto estiver lá.

Caso utilize o mesmo local (como um quarto ou sala, ou uma parte dela como um sofá) para outras atividades de cunho mais material, como estudar, trabalhar, alimentar-se ou fazer sexo, seria aconselhável que esses sejam feitos em atitude de presença consciente ou com elevação.

Com o tempo, ficará estabelecida no local uma energia elevada que lhe ajudará a mais facilmente entrar nos processos meditativos e espirituais lá. O próprio aposento se tornará um gatilho.

Mas em última instância, com a prática a meditação pode ser praticada em qualquer lugar.

🌻 Veja aqui Posturas de Meditação

Tipos de meditação

Estado de atenção plena em vigília

Estar completamente no momento presente também é meditação. Em vigília, alerta, você está no seu centro e observa ou age com consciência. A mente não está no passado, lembrando, não está no futuro, divagando; você está integrado: corpo, mente e espírito no aqui e agora. É essa a abordagem que Osho retrata em Sublime Vazio, sobre o Zen, e no livro de meditações Orange.

“Presença quer dizer corpo, mente e alma no mesmo lugar, fazendo a mesma atividade”

Subagh Kaur Khalsa, professora do curso Kundalini Yoga Básico da Namu Cursos

Às vezes o corpo está presente à prática e você pensa estar presente, mas a mente está em outro lugar; traga-a para a prática ou para o que quer que você esteja executando agora. Faça com que a mente siga o que o corpo está fazendo.

A ação consciente não é executada de forma mecânica, desatenta; nela, o você integrado – corpo, mente e alma – está presente e no momento presente.

Preste atenção. Não deixe que um automatismo da mente tome conta dos seus dias. Quando presta atenção, você está de fato presente. Então você pode perceber-se como o executor da tarefa e também o observador.

Meditações Ativas de Osho

São meditações desenvolvidas pelo mestre Osho para o ser humano moderno, que visam, geralmente, primeiramente efetuar a soltura das tensões e bloqueios e liberar energia de nossos corpos físico, energético, emocional e mental, para em seguida aquietar-nos em meditação.

“Depois da tempestade vem a bonança”. O efeito catártico que pode ser atingido através de um ápice de movimento, exercício, calor, som, etc. seguido de uma parada completa traz, pelo contraste, uma intensificação na nossa capacidade de contemplação.

Conheça as meditações ativas de Osho no site Osho.com » (siga pelo menu) Meditações » OSHO Active Meditations (traduzidas, somente o menu está em inglês).

Meditações

Alguns guias de meditações que podem lhe ajudar a criar a sua própria forma de entrar em meditação:

Livros sobre Meditação

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