Deus: o que é Deus

Deus é Aquilo ou Aquele que não pode ser entendido pela mente humana. Quando formos além dela, poderemos conhecê-lo (dizendo melhor, experienciá-lo), antes disso apenas podemos reproduzir o que aqueles que dizem que o conheceram disseram. Mas mesmo as palavras deles, passadas pelo crivo de suas próprias mentes e das nossas, não poderão descrevê-lo.

Aquilo não é pessoal, não tem uma personalidade, preferências, povos escolhidos. Não existe um relacionamento como o de pessoa para pessoa com “Ele”. Na Índia, chamam-no de Brahman, a expansão universal, O Todo, Absoluto ou Espírito Universal.

Mas Brahman não é hindu, não é nacional, não é sectário. Brahman é um nome, uma PALAVRA. Uma palavra para a qual não existe correspondência nas línguas modernas, pois não foi proposta ou concebida tal ideia nessas culturas. Assemelha-se ao que os nativos chamam Grande Espírito, por ex. o Wakan Tanka dos Dacota.

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Brahma (sem o n no final) é o aspecto criador de Brahman. Novamente Brahma também não é um cara, mas uma personificação do inefável.

Devido às religiões hindus não serem apenas uma religião (não existe um Hinduísmo como existe um Cristianismo) nem uma única corrente religiosa ou filosófica mas muitas, há dentre elas as que veneram um aspecto ou personificação do Todo como sendo um Deus pessoal, como Vishnu na figura pessoal de Krishna (mas este também é reconhecido como a própria consciência numa visão não-dualista), ou como Shiva, que igualmente é visto como a Deidade tanto num sentido dual (onde, como nas grandes religiões cristã e islâmica, Deus ou Alá, em árabe, está separado de você) como não-dual – neste último caso, Shiva ou Deus é você. Há também o Shaktismo, que considera brahman e suas manifestações como a Deusa (Shakti) e as deusas ou suas personificações. Brahma é menos cultuado.

Muitas pessoas preferem ter um relacionamento com Aquilo como se “Ele” fosse uma pessoa. Nesse caso Aquilo é encarado como o sr. Deus, ou como Jeová, Alá, Jesus, Krishna ou Shiva.

Existe uma brecha aí. Quando você procura um relacionamento com Deus e espera uma figura dele, uma personalidade, é possível que um ser venha a assumir esse papel. Pode até acontecer que o ser que se apresente como Deus pense que é o próprio Sr. Deus pessoal, num processo do ego, ou saiba que é um ilusor. De qualquer maneira você pode perder algum tempo com isso, pode haver um domínio inteiro de encarnados e desencarnados que acreditem na mesma coisa, e que projetarão e criarão a ilusão necessária para a materialização desse domínio como acreditam que ele é.

Às vezes, também, seres que se identificam como a Existência falam a partir dessa Consciência, como o Ser – assim como Você, como Alma, também é-, como já falaram Buda, Krishna e Jesus e, se tentarmos interpretá-los apenas pela visão do ego, da separação, ou seja, se pensarmos que eles estão falando a partir do ego, do cara chamado Buda, Krishna e Jesus, perderemos boa parte do que disseram (e de certa forma ainda estão dizendo).

Nossa dificuldade está no ego. Como temos um ego, temos que projetar e atribuir um ego para todos os outros. Não admitimos que alguém não tenha um ego. E assim, se alguém o transcende, não conseguimos compreender o que está sendo falado a partir da alma, que deveria ser ouvido não com a mente, com o ego, mas com o coração ou com a alma.

Quatro cegos reuniram-se um dia para examinar um elefante. O primeiro tocou na perna do animal e disse: “O elefante é como uma coluna”. O segundo apalpou a tromba e disse: “O elefante é como um rolo”. O terceiro apalpou a barriga e disse: “O elefante é como uma grande moringa”. O quarto balançou a orelha do animal e declarou: “O elefante é como um grande abano”. Depois começaram e discutir. Um passante perguntou-lhes a razão da discussão, e os cegos pediram ao homem para decidir a questão. O homem disse: “Nenhum de vocês viu direito o elefante. Ele não se parece com uma coluna, mas suas pernas são colunas; ele não se parece com um abano, mas suas orelhas são um leque. Ele não tem a aparência de um rolo, com exceção da tromba. Não tem também o aspecto de uma moringa, a não ser a barriga. O elefante é uma combinação de tudo isso: pernas, tromba, orelhas e barriga”.

Assim discutem os que viram apenas um aspecto de Deus.

RamakrishnaRevista Planeta Especial Ramakrishna de fev/1975

Seu ser e Deus

Deus não é pessoal, não é uma personificação.

Deus só pode ser existencial – não meramente sensorial.

Deus é uma realização. Ele aparece quando “você” desaparece. Quando abandonamos a nossa personalidade e individualidade, quando resta somente aquilo que é, o que é real, a verdade, a Existência ou Deus surge. Em termos existenciais, é preferível dizer que a divinidade, a qualidade de ser divino, surge.

Nas tradições cristãs há o conceito de que Deus está em nós. Você pode chamá-lo de Espírito Santo se preferir.

Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está dentro de vós.

Jesus de Lucas 17.21

Vê-se traduções desta passagem trazendo “entre vós” ao invés de “dentro de vós”, mas a palavra usada por Lucas é entos (ἐντὸς), dentro (ver mais em Abarim Publications), da mesma forma e no mesmo sentido que no Evangelho de Tomé verso 3, aonde a palavra copta utilizada foi xoun (ϩⲟⲩⲛ), dentro.

Autoconhecimento

Tem muito religioso para quem se você disser: “você não é a sua mente, não acreditará ou se rirá de você ou de surpreso. “Você não conhece nem a si mesmo, como conhece a Deus?”

Se uma pessoa autorrealiza seu “eu” real (além do eu ilusório e da mente), sua alma, percebe-se como essa alma gloriosa e infinita, ilimitada, como Consciência Cósmica. Já não existe um sentido de eu, apenas um sentido de ser, um êxtase.

Você não pode conhecer ou provar o Absoluto pela mente, pelos sentidos nem pelo intelecto, mas pode des-envolver-se para perceber o Absoluto Interior.

Há muitos caminhos para essa realização interior, mas é bem difícil imaginá-la sem alguma forma de meditação. No yoga, por exemplo, o caminho para o divino passa também pela interiorização: deixar de ocupar-se com a multidão de atividades e estímulos externos, que através dos sentidos chegam à nossa mente – que é talvez o mais ocupado ou aflito sentido -, para voltar-se para o mundo interior.

O Vedanta Não-dualista, baseado nas Upanishads, considera que atman é brahman, ou que a alma é o próprio Espírito Absoluto. Ao realizar ou atingir a consciência como atman, realiza-se o divino, que assim é alcançável, percebível por e como um elevado estado de consciência.

Outras escolas e sistemas hindus indicam seus tipos de separação, mais ou menos sutis, entre atman e brahman, mas também nelas a autorrealização de atman não deixa de ser extática, gloriosa, divina.

Deus pessoal ou personificado

O ser humano pode viver uma vida tremendamente rica, feliz, extasiante. Mas a primeira coisa é: ele tem que aceitar sua responsabilidade. Todas as religiões têm ensinado as pessoas a fugir da sua responsabilidade de jogá-las nas costas de Deus. E não existe Deus nenhum…

Osho, em Iluminações da Alma (Passagem 147)

Livro

Pesquise aqui referências a Deus: o que é Deus no site.

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