Loka significa um mundo, uma divisão do Universo, um mundo de nomes e formas (nama-rupa), uma “dimensão” ou plano de manifestação.
➡️ A palavra loka, que etimologicamente vem do protoindo-europeu lewk- (brilhar; ver), tem entre seus principais significados “um grande espaço ou mundo” [pois é aquilo que brilha ou aparece à vista, manifesta-se], seja um Universo ou parte dele.
Podemos dizer que esses planos são estados de consciência ou são caracterizados pela reunião de seres que possuem o mesmo estado de consciência. Assim, podemos considerar que existem inúmeros planos diferentes no universo, e a literatura hindu cita alguns. A maioria deles está localizada no plano astral, com suas gradações conforme o grau de evolução espiritual e o corpo de crenças de seus “habitantes”.
Existem basicamente três tipos de mundos:
- Físicos (com grau de materialidade parecido ao nosso, conforme a nossa percepção, e onde os “habitantes” recebem uma camada – como nosso corpo físico – sobre as camadas astrais – energia, mente sensorial, mente intelectual e ego);
- Astrais (domínios “espirituais”), vivenciado em corpos astrais;
- Causais (planos de ideação divina ou criadora).
Vivenciamos plenamente os mundos físico e astral. Porém o acesso que temos ao plano astral é limitado por nosso corpo físico, evolução espiritual e sistemas de crenças. Acessamos e interagimos plenamente no mundo mental terráqueo e humano, e durante os sonhos às vezes expandimos nossa percepção para além de nosso próprio mundo mental. Mas é necessário desenvolvimento espiritual (ou de potencialidade psíquicas) para o conhecimento de mais domínios astrais.
Já a experiência do plano causal (corpo causal) da existência só pode ser obtida durante esta vida por iogues avançados (ou adeptos de outro sistema de autoconhecimento equivalente), que estão próximos ou já realizaram seu Ser. Esse plano é o das ideias de Deus (Consciência ou Existência) formativas dos mundos astrais e físicos.
Alguns lokas citados na literatura hindu
Sete lokas ou planos são comuns a diversas tradições indianas. Citando-os do mais elevado ou sutil ao mais baixo ou denso:
- Satya-loka: domínio da verdade (há de ser um plano causal)
- Tapar-loka (Tapa-loka; Tapoloka): logo abaixo de Satya-loka, um dos planos mais elevados.
- Janar-loka (Jana-loka; Janaloka)
- Mahar-loka (Maharloka)
- Suvar-loka (Svar-loka; Svarloka)
- Bhuvar-loka
- Bhur-loka (Bhu-loka; Bhuloka): o mundo terrestre, que percebemos com os sentidos físicos ordinários.
Não nos esquecendo do imensurável potencial do Universo de revelar-nos realidades complexas tanto microscópica como macroscopicamente, entre os possíveis incontáveis planos de consciência ou mundos entremeados ou adicionados aos sete listados acima se encontram:
- Brahma-loka (Brahmaloka): o mundo do criador ou aspecto divino criador Brahma. (há de ser um plano causal)
- Pitri-loka: o mundo dos pitris ou espíritos ancestrais criadores de seres, raças, etc.
- Soma-loka: Soma é um nome do Deus Chandra, a lua. E é também o nome de uma planta e da bebida enteógena resultante do seu preparo análoga à Ayahuasca para rituais védicos, o néctar dos deuses.
- Assim, pode ser sinônimo de Chandraloka (Chandra-loka, Candraloka): o mundo lunar.
- Indra-loka: o mundo de Indra – título dado ao rei dos devas, ou senhor do céu (Svargaloka, ver abaixo)
- Gandharva-loka: Gandharva é uma classe de seres celestiais considerados especialistas em música.
- Rakshasa-loka: Rakshasas são espíritos malignos, injustos, ignorantes, demônios, forças do mal.
- Yaksha-loka: Yakshas são fantasmas, espíritos ligados a reinos inferiores, geralmente malignos, que atormentam mortais. Associados também à riqueza material. Podem encantar locais naturais como florestas, rios e lagos.
Outros mundos de que se encontram referências são:
- Devaloka: o mundo dos devas ou deuses ou seres celestiais. Um dos mais altos e sutis planos.
- Vayuloka: o mundo de Vayu ou ar, vento e a deidade que o preside.
No Atharvaveda e nos Puranas são citados ainda mais 7 planos abaixo do nosso plano terrestre:
- Atala-loka
- Vitala-loka
- Sutala-loka
- Talatala-loka
- Mahatala-loka
- Rasatala-loka
- Patala-loka
Uma outra classificação, mais genérica, apresenta três mundos:
- Svargaloka: regiões celestiais; o mundo do céu ou paraíso. (há de ser um plano astral)
- Martyaloka: o mundo mortal; o plano terrestre. (plano “físico”)
- Patalaloka: mundos inferiores; regiões infernais. (há de ser um plano astral)
“Céu”, “inferno”, dimensões
Céu e inferno, e todos os demais planos, não são exatamente locais físicos, mas estados de consciência, que podem, se observados somente por nossa percepção tridimensional, estarem sobrepostos ao nosso próprio plano. Dois vizinhos podem estar em planos de consciência completamente opostos.
Um “céu” é um domínio astral de seres elevados. O espaço astral intermediário, chamado comumente de “plano espiritual”, pode ser chamado igualmente de céu. Um ser autorrealizado vive o céu mesmo enquanto encarnado.
Já o estado e estágio no “inferno” propriamente dito só pode ser vivenciado plenamente após a dissolução do corpo físico e de suas barreiras cerebrais que protegem-nos contra ataques externos e mesmo contra si mesmo. Quando essa envoltura falece, o indivíduo, agora identificado somente com o corpo astral, pode perceber mais claramente culpas inconscientes, rancores, raivas que o levam a uma estada temporária em regiões “infernais”. Talvez, se estiver em frequência parecida com algum desafeto no mesmo grau de ignorância, possa ser importunado e assediado bem mais facilmente do que seria se estivesse protegido pela barreira (corpo) física.
É possível ter um vislumbre de ambos os planos ou estados, dependendo do seu estado de espírito, mediante o uso de enteógenos como a Ayahuasca que desatam temporariamente as limitações e barreiras físicas e mentais.
Domínios
No livro Viagem Astral, Gavin e Yvonne Frost citam diversos domínios astrais que teriam sido visitados em experiências fora do corpo (o livro, porém, não é dos melhores sobre o tema). Esses domínios estão associados aos sistemas de crenças, sobretudo religiosa e regional, de seus habitantes. Existindo, por exemplo, domínios judeus, cristãos, hindus, muçulmanos, budistas etc. no qual seres com inclinações e crenças parecidas se reuniam. O que faz muito sentido, pois se o indivíduo parte deste mundo idealizando determinada existência pós-vida, tende a querer projetá-la astralmente e identificar-se com seres afins.
No livro O Céu e o Inferno, Emanuel Swedenborg descreve, desde o princípio, o que entidades vinculadas ao domínio religioso cristão o revelam. O mesmo pode se dizer da obra de Allan Kardec, toda mediunizada com a mentalidade cristã, europeia, ocidental.
Sobre a sintonia vibracional, em seu livro Memórias de um suicida a médium Yvonne do Amaral Pereira descreve as experiências do espírito “suicida” Camilo que, desencarnado em condições de baixa frequência, estagia em regiões infernais antes de conseguir ser atendido por trabalhadores astrais.
Outros Universos
Há de se considerar a possibilidade de existirem outros universos inacessíveis a partir dos veículos de manifestação deste nosso Universo. Cada qual com seus inumeráveis planos e mundos. Alguns manuscritos hindus citam, inclusive, “milhões de universos”.
Além dos Universos, planos e mundos
Tudo que foi dito até agora tange ao(s) universo(s) manifestado(s) através de maya, a criação (causal, astral e “física”). Subjacente a essa criação está Brahman (o não manifestado), que é pura Consciência, Existência e Bem-aventurança, do qual toda essa existência manifestada é projetada.
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