Em busca de sentido (Viktor E. Frankl)

Título original: Ein psychologe erlebt das konzentrationslager (Um psicólogo vivencia o campo de concentração) – 1946
🔽 Republicado em inglês a partir de 1959 como Man’s search for meaning: an introduction to Logotherapy (A busca do homem por sentido: uma introdução à Logoterapia)

Este é um livro sensível, que visita uma das situações mais extremas que a alma humana pode passar neste mundo.

Homens comuns, trabalhadores de toda espécie, como médicos e cientistas com vários livros publicados, que estão se esforçando para levar sua vida da melhor forma de repente são capturados e levados para um local para serem tratados como coisas, como se não fossem nada.

Logo que chegam, são avaliados e 90% deles é “descartada”, morta; o lado para o qual apontava um dedo decidia o futuro fatal ou dramático de seres humanos. Com “contingente” de sobra para o trabalho forçado, qualquer condição física que poderia torná-los menos eficientes tornava-se “motivo” (sempre entre aspas) para sua eliminação.

Esperança

Até o último momento, o ser humano sempre acredita que pode se salvar, ou que pode não ser tão ruim.

A outra espera, agora no sentido de que algo nos aguarda no futuro, como uma família ou a volta à obra de uma vida, pode nos dar forças para superar a desesperação e evitar que ela chegue ao ponto suicida.

Dormir

Durante o sono e o sonho todos somos livres, é um presente da existência para nós.

Assim como as belezas da natureza, do sol, de paisagens.

Embotamento

Passamos por processos de embotado ou dessensibilização, como medida mental protetora para lidar com tamanho sofrimento psíquico e físico que são infligidos a nós e a outros.

Ao sermos tratados violentamente, é comum também nos tornarmos mais agressivos.

Algo mais do que psique

Frankl chama pandeterminismo a visão que defende que o ser humano está totalmente condicionado e determinado por causas anteriores e sua situação atual.

Hoje, com o avanço da neurociência, há cientistas que afirmam que não existe livre-arbítrio. É claro que estamos limitados a determinada gama possível de ações dentro de nossa condição existencial, mas o que eles querem dizer, acreditamos, é que não há um “eu” ou ser capaz de tomar decisões, fazer escolhas, além do que a predisposição natural o incita.

Como prever o a conduta do homem? Pode-se prever os movimentos de uma máquina, de um autômato; além disso, pode-se inclusive tentar prever os mecanismos ou “dinâmicas” da psique humana; mas o homem é algo mais do que psique.
Viktor E. Frankl (Em busca de sentido, Parte 2, Crítica do Pandeterminismo)

Logoterapia

Este é um livro existencial do princípio ao fim, motivo pelo qual o colocamos na nossa prateleira de autoconhecimento.

Inclusive em sua segunda parte, “Conceitos básicos da Logoterapia”, que foi introduzida a pedido de leitores após o lançamento da obra em 1946, ocupa de 1/4 a 1/3 dela e permanece tão interessante como a primeira.

A Logoterapia, cujo nome se origina na palavra grega lôgos – “palavra”, “razão”, mas que o autor atribui a “sentido”, “significado”, “propósito” – se centra na busca de sentido pelo ser humano, no sentido da sua existência. Comparativamente, o autor a cita como a “terceira escola vienense de psicoterapia”, voltada para a busca ou vontade de sentido, juntamente com Freud (princípio ou vontade de prazer) e Adler (vontade de poder).

Com exemplos, Frankl ilustra como o sofrimento e as dificuldades podem ser transformados pela maneira como os enfrentamos, por nossa atitude perante eles.

Uma dessas formas é o distanciamento do problema, a desidentificação com ele, em última análise a capacidade de observar-se a si mesmo e à situação, que podem chegar até à transcendência de si.