O caminho de Jesus é simplesmente o que o nome indica: o caminho espiritual que Jesus propôs ou revelou através de seus ensinamentos.
Na página O caminho de Jesus e o Cristianismo nos concentramos no que, no nosso entendimento, o caminho de Jesus não é, sugerindo diferenças para o Cristianismo.
Os apóstolos e primeiros cristãos estabeleceram uma linha interpretativa dos sucessos ocorridos em torno da figura de Jesus que suplantaram até mesmo os ensinamentos do mestre. A doutrina deles, consolidada na obra de Paulo, é encontrada também nas demais epístolas e nos evangelhos, obras essas que viriam a compor o cânon do Novo Testamento e a estabelecer as bases do Cristianismo.
Uma vez que as principais fontes de relatos sobre Jesus que temos hoje são os próprios evangelhos canônicos (e talvez o “quinto evangelho”, Tomé), os ensinamentos do Jesus real, do Jesus espiritual, estão entremeados por essas doutrinas messiânicas ou cristianizantes, muitas vezes também apresentadas em formas de relatos e colocadas na boca de Jesus.
E o caminho de Jesus consiste na leitura ou releitura dos ensinamentos originais de Jesus (ou ao menos o que chegou deles até nós), agora separados dos contornos doutrinários que lhe foram impostos.
Por esse motivo, listamos alguns livros e vídeos que para muitos serão a parte mais importante para a percepção (ou até intuição) de quem Jesus pode ter ou não ter sido e o que pode ter ou não ter ensinado.
Independentemente deles, exploraremos aqui no site diversos ensinamentos desse mestre.
8 bilhões de caminhos espirituais
A história de vida de cada pessoa é única. A localidade em que nasceu, sua família, o ambiente em geral, a cultura, a religião, o contato com outras vertentes religiosas e seus seguidores, as experiências que ela teve de passar, a educação que recebeu, as pessoas que conheceu (etc.), tudo isso configura sua disposição mental, que por sua vez pode torná-la mais afim a certa visão de mundo ou a determinadas vertentes filosóficas e religiosas.
Para nos atermos somente no domínio humano e deste plano, se há 8 bilhões de pessoas na Terra, há 8 bilhões de caminhos espirituais diferentes.
Da mesma forma, não existe somente um Cristianismo, mas muitos – a rigor poderíamos falar em 2,4 bilhões de Cristianismos, que é o número estimado de cristãos em 2024.
Há diferenças doutrinárias cristãs conhecidas. Na visão católica, Maria permaneceu virgem por toda a vida e Jesus não teve irmãos de sangue (ao menos não por parte de mãe), ao contrário do que os evangélicos, em geral, acreditam – em geral, pois haverão evangélicos que concordam com a interpretação católica.
Mesmo dentro do espectro protestante ou evangélico, há uma infinidade de denominações com suas doutrinas e práticas mais ou menos diversas entre si.
E é ilusão pensar que todo fiel tem exatamente as mesmas concepções e visões que a igreja que ele frequenta, aquelas que podem ser encontradas em seus websites e que muitas vezes são desconhecidas dele. Como em termos de religião os temas geralmente são pouco tangíveis, surge uma infinidade de interpretações e crenças com relação a eles.
Por exemplo, em matéria de pós-vida, muitas vezes não importando o que sua igreja, seu sacerdote ou o Papa pensam, há cristãos exclusivistas, que pensam que somente determinado grupo, sobretudo de cristãos, irá para o “céu”; há os ultraexclusivistas, que acreditam que somente os da sua igreja e afins serão “salvos”, enquanto outros são bem mais flexíveis (e razoáveis!). Há aqueles que acreditam numa visão mais ou menos próxima àquela proposta no Novo Testamento, em que a alma descansa após esta vida para reviver quando Jesus estabelecer o reino de Deus; há cristãos que creem em reencarnação, ou ao menos admitem sua possibilidade; há cristãos que não sabem como podem haver cristãos de esquerda; outros que não entendem como podem ser de direita! Inúmeros outros pontos podem ser levantados, como os temas do dízimo, da natureza da Trindade, da inerrância ou infalibilidade bíblica, etc.
Para não citar os cristianismos heterodoxos ou, melhor dito, os aspectos ou influências cristãos dentro de religiões sincréticas como o Espiritismo, a Umbanda, as igrejas do Santo Daime e da União do Vegetal e linhas espiritualistas e independentes diversas.
Muitos caminhos de Jesus
Todas essas crenças, dogmas e doutrinas estão na mente, e Jesus aponta para além dela.
Demos essa olhada no Cristianismo e na religiosidade em geral para dizer que também o caminho de Jesus que apresentamos neste site é um caminho de Jesus, mas não é o único. Não temos assim a intenção de criar uma patente, uma igreja, um dogma – não, pelo contrário.
Da mesma forma que cada cristão tem seu próprio Cristianismo, um buscador do caminho de Jesus também descobrirá seu próprio mestre, em termos que podem, dependendo do ponto abordado, concordar ou discordar conosco (e com o Cristianismo).
Decidimos adotar este nome, O caminho de Jesus, para diferenciá-lo do Cristianismo, pois nossa visão discorda do ponto básico dessa religião que dá nome a ela – a crença em um salvador, em um cristo -, e assim obrigatoriamente sai de seu espectro. Pois, a rigor, deixa-se de ser cristão exatamente quando não se acredita mais nessa função ou narrativa miticamente inventada messiânica.
O curioso aqui é que há cristãos que não são, a rigor, cristãos. Não acreditam de fato nessa condição messiânica de Jesus em seu sentido escatológico, ou não mais a acham garantida ou provável, embora reconheçam em alguma medida seu papel “redentor” ou transformador da humanidade e estejam envolvidos ou identificados com outros aspectos dessa religião, sobretudo os chamados “valores cristãos”. Pode-se dizer, mais precisamente, que eles já seguem, independentemente, seu próprio caminho de Jesus.
Nada de novo debaixo do sol
O caminho de Jesus não constitui, assim, nenhuma novidade. Muitos antes, como agora, descobriram suas próprias interpretações dos ditos de Jesus.
Muitos puderam divulgá-las; outros foram perseguidos, queimados, crucificados por ousar dizer a verdade que conheceram, como foi o caso de Jesus mesmo.
Nossa época de liberdade, abertura e facilidade de acesso à informação talvez seja a mais propícia para que tais conhecimentos sejam difundidos, a fim de que possam chegar a pessoas que buscam o sentido espiritual profundo das palavras do mestre e, num processo colaborativo com tantas outras fontes e provavelmente de maneira indireta, atinja mesmo pessoas em quem poderia haver um efeito existencial fundamental conhecê-los, por ex. aquelas presas psicologicamente às amarras que diversos líderes religiosos e igrejas, pela própria ignorância e ou ganância, lhes impõem.
Conheça também
A semente de mostarda (Osho)
A semente de mostarda é uma coleção de 21 discursos proferidos em 21 dias seguidos por Osho em Poona (Índia) em 1974 sobre ensinamentos de Jesus presentes no Evangelho de Tomé, que teve seu mais completo manuscrito descoberto em escavações em dezembro de 1945, próximo a Nag Hammadi, no Egito.
Osho lança luz para além da interpretação teológica convencional sobre as palavras de Jesus presentes neste documento, que permaneceu totalmente marginalizado pela Igreja, não obstante possua muitas passagens em comum com os evangelhos canônicos, como a própria parábola da semente de mostarda
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