Temos dois caminhos diante de nós: o do ignorante, que pensa que há apenas um caminho para a verdade e que todos os demais estão errados, e o do sábio, que admite que a moralidade e o dever podem variar, de acordo com nossa constituição mental ou os diferentes planos de existência em que nos encontramos.
Swami Vivekananda – em Raja-Yoga
Forma e essência
Subjacente à forma – os textos sagrados, os cultos, etc. – de toda religião está a essência – o conteúdo sutil que foi exprimido de diversas maneiras pelas diferentes culturas, sendo um traço comum a todas as religiões, a busca do homem para se religar ao sagrado, ao superior ou a Deus. A essência é o próprio ser do homem, o divino nele. Mas desde que a realidade última, o Absoluto, é inexprimível, os ensinamentos formais passam a ser fonte de meditação para encontrarmos esse espírito ou âmago da inspiração religiosa, que muitas vezes estão sob montanhas de aspectos culturais e supersticiosos dos povos. Essa é a opinião de muitos mestres.
“A Unidade é essência;
Alexandre Cumino, em Fragmentos de Umbanda
A diversidade é forma.”
Religião como espiritualidade, e não como instituição exterior, é interna e inerente ao ser. O que existe externo a você, seja em templos ou doutrinas, são formas feitas pelo mesmo Ser ou seres para ajudar a alcançar o Espírito, que está além da forma. O Espírito é mais do que a forma, a forma vem do Espírito. Acima de qualquer forma (doutrina, provérbio, templo, prática, etc.) está o Ser e o Espírito a ser alcançado. Se tal forma está te levando ao Espírito (ou Todo, ou Deus), essa forma é adequada para você; se não está te levando a Aquele, talvez não o seja, pelo menos não por ora.
Em matéria de religião, temos o hábito de trocar a essência pela forma, de nos apaixonar tanto pela forma que brigamos com aqueles que possuem formas diferentes da nossa.
Vivekananda afirma que todas as religiões verdadeiras expressam, de alguma maneira, a ideia de que a alma é pura e perfeita, tendo qualidade de bem-aventurança e poder, não fraqueza e infelicidade, e que o homem é divino, que divindade é nossa natureza.
![Pintura De verloren zoon [O filho perdido] (Peter Paul Rubens)](https://chela.com.br/wp-content/uploads/de-verloren-zoon-peter-paul-rubens-close.jpg "O filho pródigo (Lc 15.11-32)")