Karma (kārma) / Carma – Ação

▶ da raiz kri (kṛ): fazer; criar; construir. Atuar.

A palavra karma significa ação; ato; trabalho; atividade. E pode significar também, dependendo da linha filosófico-religiosa, o resultado ou fruto da ação.

Ação e reação

Cada ação gera um resultado ou a uma reação. Vamos a alguns exemplos cotidianos:

  • Eu escovei os dentes » meus dentes estão limpos e minha boca fresca » tenho menos probabilidade de desenvolver problemas bucais futuramente. (se eu escolho realizar outra atividade e não escovar os dentes, resultados opostos são gerados)
  • Eu me exercitei fisicamente » sinto um bem-estar / tenho mais probabilidade de controlar melhor meu peso e níveis de saúde » tenho menos probabilidade de desenvolver doenças futuramente.
  • Eu cozinhei ou comprei a refeição » vou ter o que comer (…)
  • Eu tratei mal alguém » isso gerou marcas emocionais nessa pessoa, » que abalarão ou inviabilizarão meu relacionamento com ela.

As ações presentes afetam o futuro, como as passadas levaram ao presente.

Mas existe um fator importante nessa equação. Não é só a nossa ação individual que influi no resultado futuro, mas ela se combina com ações de diversos seres e também com circunstâncias ambientais diversas.

Tudo o que acontece é a causa de tudo o que acontece. As causas são inumeráveis; a ideia de uma única causa é uma ilusão.

Nisargadatta Maharaj, em Eu sou Aquilo (p. 289 da versão em português)

Se você sair cedo de casa, provavelmente chegará cedo ao trabalho, mas o horário que você chegará dependerá de muitos fatores, como quantos outros veículos estarão na via, se haverá algum acidente congestionando-a, se o ônibus ou trem irá atrasar, se estará chovendo. Todos esses fatores também estarão condicionados a outros diversos, n’uma cadeia interminável.

A lei da ação

A lei da ação ou do karma nada mais é do que uma lei natural da existência material, a lei de causa e efeito. O nosso engano é achar que essa lei da natureza é puramente individual, ou seja, que se uma determinada ocorrência aconteceu a uma pessoa, isso se deve exclusivamente a algo que ela tenha feito no passado; não, deveu-se a razões diversas, infinitas.

Tome-se como exemplo grandes tragédias regionais: todas as pessoas daquela localidade teriam feito algo no passado que justificasse tal consequência? E todas, ou a maioria, das pessoas de outras localidades não fizeram nada parecido?

Podemos ver ainda mais claramente no caso de seres de outras espécies: uma árvore teria sido arrancada ou queimada em um processo de desmatamento por alguma má ação sua passada? Ou pelo simples fato de existir em um local que por motivos diversos tornou-se objeto de interesse de um grupo de seres humanos?

Cada coisa que acontece tem inumeráveis e irrastreáveis causas, e inumeráveis efeitos – tudo está interligado.

Então o “karma” como resultado de ações é melhor descrito como coletivo. Em outras palavras, tudo o que acontece conosco neste mundo é determinado por incontáveis causas, muitas delas além de nosso controle ou escolha. Sofremos ou desfrutamos por nossas escolhas, e sofremos e desfrutamos por escolhas de outros.

Certa vez um pandit, um estudioso versado nos Vedas, perguntou ao Mulla Nasruddin:

– Nasruddin, o que é o destino?

– Uma sucessão interminável de eventos entrelaçados, um influenciando o outro – respondeu ele.

– Não me parece uma resposta muito correta; eu acredito em causa e efeito.

– Muito bem, veja só aquilo – respondeu Nasruddin apontando para um cortejo que passava justo naquele momento – aquele homem está sendo levado à forca, por que será? Seria porque alguém lhe deu uma moeda com a qual conseguiu comprar a arma do crime? Ou porque alguém o testemunhou? Ou porque ninguém o impediu? Ou porque alguém instituiu a pena de morte?

Presente também em As parábolas e contos de Nasrudin (organização Alexandre Rangel)

Fruto da ação

No Vedanta, além de “ação” e seu princípio de causa e efeito explicados, a palavra “karma” pode significar o efeito, a consequência, o resultado ou o fruto dessa ação.

Essa ideia, com variações sobre sua natureza, está presente em outras vertentes hindus, bem como no Budismo e no Espiritismo Kardecista.

Perceba que ainda que as ocorrências que acometam o indivíduo neste mundo tenham diversificadas causas – pessoais, interpessoais, ambientais -, isso não exclui o fato de que é a sua ação individual que permanece tendo um impacto decisivo na sua jornada. Ela é a única desses fatores que realmente importa quando tratamos, ou melhor, lidamos com os seus resultados, ou seja, com o nosso prosseguimento existencial, espiritual na linha do tempo de nossa própria existência.

Karma (efeito) como tendências da alma

As ações individuais produzem memórias em nós, gravam impressões que geram tendências. Dentro da visão reencarnacionista, essas são as tendências inatas manifestadas em vidas futuras. Por isso, o autor japonês Ryuho Okawa, em A Essência de Buda (audiolivro faixa 44: O que é o karma?), chamou o karma (efeito) de “tendências da alma”.

Essas tendências influenciam na direção de nossa vida (ou de nossas vidas presente e futuras), das situações que procuraremos ou que se apresentarão para nós, mas uma fração de nossas novas ações sempre terá o aspecto da liberdade, do livre-arbítrio, para novos direcionamentos.

Ocorrências com causas insuspeitadas nos acontecem constantemente (ou talvez tiveram que nos acontecer), mas cabe a nós escolhermos formas mais elevadas e maduras de lidar e responder a elas, ou sucumbirmos a alguma predisposição negativa ou fatalista, quando as tendências predominantes podem nos inclinar à resposta mais cômoda, ainda que prejudicial ou inócua. (ver Karma e destino, por Paramahansa Yogananda)

Teoria da lei do karma

Esferas - movimento
© Pikist

A teoria da lei do karma afirma que qualquer energia, seja por meio de palavras, pensamentos e atos que o ser humano coloca em movimento deve voltar para ele, cedo ou tarde, nesta vida ou em uma vindoura.

Os textos védicos e Patanjali atestam que o novo nascimento do ser (jiva) pode dar-se em outras espécies, conforme a natureza de suas ações. Assim, reencarnaríamos em corpos adequados ao nosso karma.

“O Ser encarnado, por meio das boas ou más ações cometidas por si mesmo, assume diversas formas, grosseiras e finas. Em virtude das suas ações e também pelas características da sua mente, tais como conhecimento e desejos, o Ser assume outros corpos para poder desfrutar os objetos materiais.”

Shvetashvatara Upanishad V.12, traduzido por Carlos Alberto Tinôco em As Upanishads

O efeito coletivo de nossas ações já foi entendido. Também é certo que nossos atos podem ficar gravados na mente por meio dos samskaras ou impressões, reverberando em nosso ser.

Mas essa teoria do karma em sua forma “ortodoxa” afirma que tudo o que nos acontece, inclusive o nascimento em circunstâncias desfavoráveis provém de nossas ações passadas (como dissemos exemplificando tragédias regionais, não pensamos desta forma). Na Índia, essa ideologia do karma ajudou a propagar um sistema de castas injusto.

Além do karma

A ciência que lida com a ação ou karma e a maneira de escapar de sua influência interior através da própria ação chama-se Karma Yoga. Isso se dá através do contato com nosso ser real, o verdadeiro agente da ação. Ele ao mesmo tempo age neste mundo material, que em última análise é ilusório ou onírico, e está além dele.

Tanto se pensarmos em termos meramente interiores como também exteriores, em última instância esses envolvimentos do karma são uma ilusão, não afetam o ser real; mas, perceba, é também verdade que este nosso ser está envolvido ou envolto em toda esta ilusão.

“A vida dos homens não está a tal ponto determinada que os menores detalhes lhe sejam ordenados de antemão.”

Chandi Das, em A Índia Secreta, de Paul Brunton

Ação e ressonância

Vimos que toda ação produz seu fruto. Pensamento também é uma forma de ação e deve produzir seu fruto; interiormente nos conduz a determinadas novas ações e exteriormente vibra até encontrar ressonância com outros pensamentos similares, do mesmo padrão vibratório, que também viajavam para encontrar seus similares.

Conforme explica Vivekananda no início do cap. 6 de Karma Yoga, ao vibrar na mesma frequência, esses pensamentos exteriores nos influenciam a novos pensamentos similares, nos induzindo a um círculo vicioso que pode se retroalimentar, ou seja, quem pratica boas ações é estimulado a praticar cada vez mais boas ações, da mesma forma de quem pratica más ações tenderá a repeti-las.

Seguem aqui sugestões para ajudar a sair de círculos viciosos negativos.

Tópicos

💫 Karma e destino, por Paramahansa Yogananda
💫 Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas (e vice-versa)?
💫 Mantendo a frequência vibracional elevada
💫 Karma e a Psicologia
💫 Karmin: excesso de orientação material
💫 Prarabdha karma: as ações que estão se manifestando

Pesquise aqui referências a Karma no site.

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