Começamos dizendo que este não é um método ortodoxo ou tradicional de yoga, que portanto vise seguir um corpo específicos de doutrinas ou sábios. Este não é também um método direto de yoga, não leva, por si só, empírica e comprovadamente, indivíduos à autorrealização.
O yoga da comida – e esse é somente um nome, como você poderia usar qualquer outro – deve ser encarado como uma prática espiritual complementar às demais.
Chamamos esta prática de yoga por conta do ato de unir-se ao alimento, tornar-se um com ele, de reconhecer nele um pedaço de toda a existência, de brahman manifesto. Isso é exposto por Krishna no Bhagavad Gita.
Entre outros assuntos, como o curso da alma após a desencarnação, a Chandogya Upanishad também trata da prática da alimentação.
Uma ação pode se tornar sagrada dependendo da atenção e do valor que se dá a ela. Para Krishna, tudo é sagrado; para Sri Aurobindo, “tudo é yoga“. Mas O yoga da comida também é puramente um tantra, um método que utiliza o corpo e os sentidos como ferramentas ou degraus para a realização.
Tendo dito que não existe a doutrina desta prática, encare os pontos citados na página como reflexões, sugestões, e procure a melhor maneira de utilizar os momentos de alimentação para evolução.
Agradeça
“E ordenou à multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, e tendo dado graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, para que os pusessem diante deles, e puseram-nos diante da multidão.
Tinham também alguns peixinhos; e, tendo dado graças, ordenou que também lhos pusessem diante.”
Jesus, em Marcos 8:6-7 e João 6:11
“E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;
(…) E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o…”
Jesus, em Lucas 22:17-19
Agradeça às manifestações de vida que foram dadas para você poder se alimentar. Se assim o sentir, peça-as também perdão. Por reconhecê-las divinas, pode dar-lhes até um Namastê!
Agradeça à criação pelo alimento, a todos os seres que tornaram possível que esse alimento chegasse a você, o que se expande infinitamente pela natureza e pelo cosmo, como a terra, o sol, a lua: sinta-se integrada e em gratidão nesse e por esse Todo. Coma e beba com esse sentimento de gratidão.
Abençoe
“E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão.”
Jesus, em Mateus 14:19, Marcos 6:41 e Lucas 9:16
“E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.”
Jesus, em Mateus 26:26 e Marcos 14:22
“E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu.”
Jesus, em Lucas 24:30
Abençoe o alimento, abençoe com as mãos ou com os olhos, projete sobre eles o desejo de renascimentos auspiciosos (mesmo a frutas e frutos). Projete purificação energética para o que vai ser ingerido. Dê-lhes boas vindas! Que possam unificar-se a você e ser você como, em última instância, você é eles.
Desfrute
Cheire o alimento ou a bebida, sinta seu aroma.
Saboreie, sinta o calor, a textura, o fluxo.
Esteja presente
Quando você está comendo, esteja imensamente presente.
(…) enquanto estiver comendo, deixe que haja apenas o comer e nada mais, deixe que o passado desapareça e também o futuro, deixe que toda a sua energia seja despejada em sua comida, deixe que haja amor, afeição e gratidão para com a comida.
Mastigue cada bocado com imensa atenção e você não terá apenas o sabor da comida, mas o sabor da existência, porque a comida é parte da existência! Ela traz vida, traz vitalidade, deixa-o palpitante, ajuda-o a permanecer vivo. Ela não é apenas comida; a comida pode ser o conteúdo, mas a vida está contida nela.
Se você saborear apenas a comida e não saborear a existência nela, estará vivendo uma vida morna e não saberá como vive um tântrico. Quando você estiver bebendo água, torne-se a sede! Deixe que haja uma intensidade nisso, de tal modo que cada gota fresca lhe dê uma imensa alegria.
Osho em Tantra: O caminho da aceitação, p. 120
Tudo é o Absoluto manifesto. Manifesto que pode ser percebido com os nossos sentidos alertas e atentos. A experiência divina pode ser encontrada em cada lugar, em cada atividade. Saboreie a existência em todos os sabores. Sinta-a em cada toque, em cada cheiro, em cada som, em cada imagem.
Una-se
Una-se a ao alimento, sinta a energia do alimento fundindo-se à sua própria energia.
Beber e alimentar-se tornou-se uma meditação.
Tudo pode ser uma meditação se você viver aquilo total e intensamente, e então sua vida torna-se inteira.
Osho em Sublime Vazio, cap. 5
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