➡️ Ish (Īś): Governar; Ser mestre de; dirigir; comandar; possuir.
➡️ Vara: O melhor; O excelente; O mais belo ou precioso; O mais seleto; O mais fino; Real (régio). Ou seja, o Supremo.
Ishvara significa, literalmente, “Supremo Governador” ou “Supremo Controlador”, e pode ser também traduzido como “Supremo Ser” ou “Senhor”.
Ishvara pode ser interpretado como a própria alma (atman, o self) numa visão monista (no que diz respeito à relação – unidade – da alma individual com a Alma Cósmica ou Existência).
É só porque esquecemos quem ou o que realmente somos, ou seja, porque temos a percepção de nosso próprio ser de forma reduzida e nos iludimos achando que somos egos individuais, é que práticas como a devoção (ou entrega) dessa nossa individualidade à Alma Cósmica e o direcionamento de nossa intenção para esse nosso ser, nosso centro, se fazem necessários para o autoconhecimento ou autorrealização.
Já para visões dualistas (com relação à alma individual e a Existência) ou personalistas de Deus, Ishvara, o Supremo Governador, assume um papel mais parecido com o conceito ocidental de Deus. É o caso de linhas Hare Krishna que adoram Krishna como esse Supremo Ser e que, igualmente aos cristãos, consideram-se uma pequena parte (como a centelha divina ou espírito santo) da totalidade de Deus.
“Ou [esse samadhi é alcançado] por aspiração a Ishvara.
Ishvara (o Supremo Governador) é um Purusha especial, intocado pela miséria, ações e seus resultados, e desejos.
Nele se torna infinita aquela onisciência que nos outros é (apenas) um germe.
Ele é o professor até mesmo dos antigos mestres, não sendo limitado pelo tempo.
A palavra que o manifesta é OM.”
Yoga Sutras de Patanjali 1.23-27
Nossa Alma é essa existência e consciência todo-conhecedora. Está envolta por nossos corpos ou camadas de ignorância, dentre eles o ego ou personalidade, que nublam o nosso conhecimento dela. A devoção, renúncia ou entrega do ego à Alma ou Ishvara é Ishvara-pranidhana, que é (naturalmente) um dos niyamas necessários para se realizar o yoga.
Assim como Atman, Ishvara descoberto torna-se sinônimo de Brahman (ou Todo, Realidade Absoluta, etc.), podendo referir-se à Consciência Suprema e também ao Supremo Manifestado.
Cristo é Ishvara ou Self, Krishna é Ishvara ou Self, Shiva é Ishvara ou Self. Você é Ishvara ou Self mas, identificada(o) com o corpo e o ego, ainda não está consciente disso. Eles falam a partir e como Alma, eles podem dizer: “eu e o pai somos um”, “eu sou o tudo e o nada”, etc., e esse é o seu destino também.
Nem todas as mentes podem concordar com um caminho de autoconhecimento que leve até a realidade suprema ou brahman. Nesse caso, a adoração dessas Manifestações (Cristo, Krishna, etc.) como pessoas ou egos individuais, personificando um Deus Pessoal, pode ajudar num caminho de devoção como o Bhakti Yoga, aonde o Senhor pode significar literalmente a figura desses Seres. Se for esse o caso, a entrega a esse Ishvara ou Senhor tem de acontecer, também, dentro do coração, no centro do peito. Igualmente tem-se que entregar a mente ao Ser para lograr sucesso no yoga.
“Ishvara [O Senhor] habita nos corações de todos os seres, ó Arjuna, e através de sua maya [energia-criativa, prakriti] faz com que todos os seres girem como se estivessem montados em uma máquina.
Corra até Ele para se abrigar com todo o seu ser, ó descendente de Bharata [Arjuna]! Por Sua graça você alcançará a suprema paz e a morada [e estado] eterna[os].”
Bhagavad Gita 18.61-62
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