Tattva – Tattvas (Tattwam)

➡️ tat: aquilo, aquele (pron. relativo).
➡️ tva: outro, diferente. Como sufixo, forma substantivos abstratos, neste caso: “aquilidade” (Botelho, nota 1: Tattwam).
🔽 tattva: princípio (elemento), princípio da existência. Também: realidade; essência.
Pronuncia-se (e às vezes translitera-se) como tattwa (w com som de u), conforme as regras de pronúncia do sânscrito.

Tattvas são princípios-essências de manifestação do Universo (macrocosmo) que estão presentes também em nós (microcosmo).

Um tattva é comumente traduzido para o inglês como “elemento”. No entanto, o conceito de tattva é melhor entendido como um “estado de ser” ou como um estado de energia / experiência. Esses “estados” não são realidades independentes ou entidades objetivas e materiais. Os modelos tattva tentam descrever e organizar tudo o que existe em nosso universo de matéria / energia / consciência. O número de tattvas é muito flexível, pois todos dependem do primeiro ou Shiva [Purusha].

Dharma Inc: The 36 Tattvas of Shakta-Shaiva Dharma – em Wisdomlib » Tattva (tradução)

O Samkhya definiu 25 tattvas ou Purusha + 24 tattvas do Universo manifestado.

O primeiro, assim, é o próprio Purusha (Espírito Imanifesto, a Alma Consciente), do qual emana a segunda, Prakriti, a Natureza, aquilo que é manifestado como matéria sensível, seja no plano físico como em planos astrais, que emana-se através dos três gunas – sattva, rajas e tamas – por todos os níveis abaixo.

Prakriti, e tudo que se segue e depende dela, é a manifestação de Purusha como Universo ou mundo sensível.

De Purusha e do estado de “desequilíbrio” dos gunas de Prakriti, surge o terceiro, mahat (o grande princípio), que macrocosmicamente pode ser chamado de inteligência ou mente universal e microcosmicamente de buddhi, o intelecto, princípio intelectual.

Quanto mais sáttvica ou equilibrada estiver Prakriti (que microcosmicamente é representada pelo corpo causal), mais o Purusha reflete-se em buddhi.

Quando mahat ou buddhi desenvolve o sentido de consciência de si mesmo (autopercepção), induzido pelo estado da Natureza (Prakriti) diferenciada, surge ahamkara, o sentido de eu, o quarto tattva.

Por diferenciação e esquecimento, o “eu” muda-se de Purusha para ahamkara e é impelido a considerar-se um sujeito individual separado. Percebendo o mundo então diferente e exterior a si, é gerado o quinto tattva, manas, a mente sensorial. Os sentidos acentuarão sua individualidade e, encantado pelo espetáculo de maya, o ser passa a se chamar e considerar jiva ou jivatman, a alma encarnada, e a desfrutar e sofrer a experiência sensorial e mental.

Purusha está, assim, ao mesmo tempo alheio e envolvido na experiência física. É tanto a forma inerte fundamental como a forma física material a partir de Prakriti.

Os 20 constituintes restantes da criação são: cinco órgãos internos de percepção/conhecimento (jnanendriyas), cinco órgãos ou faculdades de ação (karmendriyas), cinco elementos perceptíveis (tanmatras) e cinco elementos grosseiros ou constituintes elementares do universo (bhutas).

Tattvas sob a mente (antahkarana)

A mente em seu aspecto global recebe o nome de antahkarana (instrumento interno). É composta de manas, ahamkara e buddhi. Seu aspecto manas recebe as impressões dos sentidos (5 jnanendriyas) pelos quais percebe os 5 tanmatras ou elementos primários da percepção. Em buddhi, ela interage através dos órgãos de ação (5 karmendriyas).

Jnanendriyas

Jnanendriyas são as cinco faculdades sensoriais em manas (sentidos cognitivos) e seus órgãos de percepção/sensação/conhecimento externos, que recebem informações exteriores: audição (ouvido), tato / sentimento do toque (pele), visão (olho), paladar (língua) e olfato (nariz).

Os jnanendriyas estão relacionados aos cinco tanmatras (ver abaixo), respectivamente som, toque, forma, gosto e cheiro.

Como os indriyas são instrumentos da mente, o iogue pode realizar através dela tudo que os órgãos físicos realizam: ele pode ver somente com o sentido mental visão, sem os olhos, ouvir mentalmente etc.

• Meus sentidos me falam de Ti, por Sri Muruganar

Karmendriyas

Karmendriyas são os cinco órgãos de ação – boca, mãos, pés/pernas, ânus e genitais -, e as correspondências mentais de suas capacidades – o falar, o pegar (com as mãos), o andar, a excreção e a procriação.

São os canais de exteriorização das intenções do jiva, executando a resposta reativa que o eu faz da sensação (jnanendriyas).

Tanmatras

Os cinco tanmatras (elementos primários da percepção) são: som (shabda), toque (sparsha), forma (rupa), gosto (rasa) e cheiro (gandha).

Neste sistema do Samkhya, não é feita uma menção especial ao prana mas, segundo a definição deste, sua própria natureza é de permear toda a realidade, em todos os corpos, níveis e elementos materiais, podendo ser identificado com todos os tattvas, desde a primeira transformação de Purusha-Prakriti.

Elementos da matéria e do corpo

Bhutas

Os cinco bhutas (elementos básicos da matéria) são:

• akasha (espaço),
• ar (vayu),
• fogo (tejas),
• água (ap ou apas),
• e terra (prithvi).

Esses elementos compõem a matéria, incluindo nosso corpo em sua constituição básica.

Por ainda não termos esmiuçado o significado desses cinco elementos segundo o Samkhya, vamos por enquanto de carona com o professor do Trika ou Shaivismo não-dual da Caxemira (ver abaixo) Gabriel Pradipaka que, em sua explanação sobre os níveis da criação conforme esse sistema, nos explica a respeito dos bhutas:

• akasha (espaço): o espaço ou armação tridimensional no qual todo o mundo físico existe.
• ar (vayu): tudo o que é gasoso. Então, não é simplesmente “ar”.
• fogo (tejas): tudo que contém calor e cor. Então, não é simplesmente “fogo”.
• água (ap ou apas): tudo o que é líquido. Então, não é simplesmente “água”.
• e terra (prithvi): tudo o que é sólido. Então, não é simplesmente “terra”.

Tattvas nos Tantras

Aos 25 tattvas definidos no Samkhya, textos tântricos (Shaivismo da Caxemira) adicionam mais 11, totalizando 36 tattvas.

Conforme já dissemos, uma boa explanação dos níveis da criação conforme este sistema nos é dada por Gabriel Pradipaka no site Sanskrit & Trika Shaivism.

Os modelos mais comumente aceitos utilizam um esquema de 36 tattvas, que é o modelo reinterpretado do Samkhya 25 de tattvas mais 11. É importante lembrar que os sábios da Caxemira não estavam tentando dizer que o modelo é a realidade que ele descreve. Eles estavam apenas tentando dar ao intelecto uma maneira de apreender a realidade além da mente (instruções de meditação).

Dharma Inc: The 36 Tattvas of Shakta-Shaiva Dharma – em Wisdomlib » Tattva (tradução)

Veja também

No texto Sankhya e Yoga, Roberto de A. Martins relaciona a teoria do Samkhya com o Yoga ou o Raja Yoga de Patanjali, e apresenta também uma representação gráfica do microcosmo segundo o Samkhya, de Purusha aos mahabhutas.

Laya Yoga

O processo aqui descrito é o processo da criação, de progressão do mais sutil ao mais grosseiro. Laya Yoga é o processo inverso, de dissolução, de regressão a partir do ser encarnado em contato com os elementos grosseiros até o puro Ser.

Pesquise aqui referências a Tattva – Tattvas no site.

Aprofunde-se e consulte outros significados de Tattva – Tattvas (Tattwam) na Yogapedia (em inglês) ou na Wisdom Library (português - tradução automática -, ou original em inglês). Na Wisdom Lib., caso o termo não seja listado, repita a pesquisa com o tipo Wildcard ou tente este link (pt / original-en).

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