Nirvana (Nirvāṇa)

➡️ Nir: não-; sem; fora.
➡️ Vana (Vāṇa): cor; som; soprado (particípio passado do verbo va [vā: soprar], conforme Steven Collins).

Nirvana é um termo fundamentalmente budista que possui assim, entre outros desdobramentos, dois significados literais:

Não- ou Sem cor ou som

A cor (luz) ou o som existenciais já não estão presentes. Além do mundo da forma.

  • Como atman, seu Ser, você é (sat), existe, (no seu nível fundamental, ou seja, mais profundamente que o ego) – aqui você está além do ego.
  • Então se você seguir adiante, no reconhecimento de que esse atman é na verdade uma parte e o próprio todo, nesse seu estado de Todo, Absoluto manifestado (brahman), a existência ainda é (sat), existe, Om ou vibração ou som primordial está criando frequências que se manifestam como sons, cores e formas, mais ou menos sutis, da criação.
  • Nirvana é o não-ser. Sem-cor, sem-forma, sem-som; o vazio ou o nada. Pode-se chamar da experiência do aspecto imanifesto de brahman, o samadhi mais avançado e sutil, que leva à liberação do samsara (moksha), mas somente com a experiência você poderá dizer que se trata da mesma coisa, já que não há palavras para descrever isso.

Ser E Não Ser, eis a questão.

Soprado para fora

Extinto ou apartado da consciência sensorial mental, ou experiência de mundo. Essa é outra forma de tentar entender ou descrever o indescritível. Novamente como na sequência dos itens acima, se você se aprofundar em seus corpos, chegará a seu ser ou Atman. Se você prosseguir para dentro, algo aparentemente não-linear ocorrerá, em seu âmago, você será o Todo. Então quando todo o Universo físico e sutil estiver se movendo em você – você é a Existência, seu ego pessoal já está extinto -, pode ocorrer o sopro, o destacamento do universo manifestado, o kaivalya absoluto, onde o que foi destacado já não é, nirvana – a extinção do próprio sentido de ser.

Nirvana é uma palavra negativa. Literalmente significa apagar a vela.

Gautama Buda usou a palavra para o estado final de consciência. Ele poderia ter escolhido uma palavra positiva, e na Índia havia muitas palavras positivas para isso: moksha, liberdade, liberação; kaivalya, solitude, solitude absoluta; brahmanubava, a experiência do derradeiro. Mas escolheu uma palavra estranha, que nunca foi usada em contextos espirituais: apagar a vela. Como você pode relacionar isso com uma experiência espiritual?

Buda diz que o seu chamado eu nada mais é do que uma chama, e ela permanece acesa através dos seus desejos. Quando todos os desejos desaparecem, a vela desapareceu. Agora a chama não pode mais existir. A chama também desaparece – desaparece no vasto universo, sem deixar vestígios; você não pode encontrá-lo novamente. Está aí, mas desapareceu para sempre de qualquer identidade, de qualquer limitação.

Portanto, Buda escolheu a palavra nirvana em vez de realização, porque a realização ainda pode lhe dar alguma superioridade egoísta – que você é uma pessoa realizada, que você é um ser liberado, que você atingiu a iluminação, que você é iluminado, que você encontrou. Mas você permanece. E Buda está dizendo que você está perdido – quem irá encontrá-lo? Você se dispersa, você era apenas uma combinação. Agora cada elemento vai para sua fonte original. A identidade do indivíduo não existe mais. Sim, você existirá como o universo…

Assim, Buda evitou qualquer palavra positiva, conhecendo a tendência humana, porque cada palavra positiva pode lhe dar um sentimento de ego. Nenhuma palavra negativa pode fazer isso; é por isso que permanece não poluída. Você não pode poluir algo que não existe. E as pessoas tinham muito medo – com um profundo tremor interior – de usar a palavra nirvana.

Milhares de vezes perguntaram a Buda: “Sua palavra nirvana não cria em nós uma excitação, não cria em nós um desejo de alcançá-lo. A verdade última, a autorrealização, a realização de Deus – tudo isso cria um desejo, um grande desejo. Sua palavra não cria desejo.”

Buda disse repetidas vezes: “Essa é a beleza da palavra. Todas essas palavras que criam desejo em você não irão ajudá-lo, porque o desejo em si é a causa raiz do seu sofrimento. Ansiar por algo é a sua tensão. O Nirvana deixa você absolutamente livre de tensão: não há nada a desejar. Pelo contrário, você tem que se preparar para aceitar a dissolução. Na dissolução você não pode reivindicar o ego, portanto a palavra permanece não poluída.”

Nenhuma outra palavra permaneceu não poluída. A sua negatividade é a razão – e só um grande mestre pode contribuir para a humanidade com algo que, mesmo que queira, você não pode poluir. Vinte e cinco séculos… mas não tem como. O Nirvana irá dissolver você; você não pode fazer nada para o nirvana.

É certamente a palavra mais pura. Até mesmo o seu som, quer você entenda o significado ou não, é calmante, dá uma profunda serenidade e silêncio, que nenhuma outra palavra – a realização de Deus, o absoluto, o último – nenhuma outra palavra dá essa sensação de silêncio. No momento em que você ouve a palavra nirvana parece que o tempo parou, como se não houvesse para onde ir. Neste exato momento você pode derreter, dissolver, desaparecer, sem deixar nenhum vestígio.

Osho, em Além da Psicologia, cap. 12, pergunta 2

Pesquise aqui referências a Nirvana no site.

Aprofunde-se e consulte outros significados de Nirvana (Nirvāṇa) na Yogapedia (em inglês) ou na Wisdom Library (português - tradução automática -, ou original em inglês). Na Wisdom Lib., caso o termo não seja listado, repita a pesquisa com o tipo Wildcard ou tente este link (pt / original-en).

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