Clarividência e percepções extrassensoriais: teoria e técnicas

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.”

Jesus de Mateus 5:8 (eng) (esp)

Por que enxergamos o que enxergamos? Por que nos ajustamos a esta faixa vibratória? Por que não percebemos mais sensivelmente os mundos e faixas próximas a nós? Possivelmente por proteção. O corpo desenvolveu uma espécie de “película de proteção” para nos defender de agentes externos mal-intencionados. Sem ela, ficaríamos expostos a todo tipo de invasão psíquica antes mesmo de nos estabelecermos como pessoas e de termos a chance de evoluir na encarnação presente. Por esse motivo, talvez este plano, além de proporcionar o desfrute físico, seja o mais propício para a evolução espiritual.

Partir daqui com inclinações mentais negativas pode significar não ter a chance de muito progresso enquanto não estiver encarnado. Se os estímulos astrais forem intensos, desenvolver-se e autoconhecer-se pode ser mais difícil do que estudar no meio de um show musical.

Há pessoas querendo retirar essa película protetora sem antes realizar um autopreparo, sem aperfeiçoar a própria conduta e virtude. Nesse caso, o processo, além de mais difícil, se torna perigoso, pelo motivo citado acima. Então, como afirma Patanjali nos seus Yoga Sutras (3.37), os poderes (siddhis) não são mais do que obstáculos para a realização espiritual.

Se você quer desenvolver o chakra ajna, que interliga-se com as faculdades da mente sensória e analítica, primeiro desenvolva os cinco chakras abaixo dele. Existe uma ordem e nessa ordem você vai entender que é loucura desenvolver o ajna com o anahata subdesenvolvido. A loucura está bem próxima do clarividente sem virtude, ou dizendo melhor, sem autoconhecimento, sem centramento.

Para abrir essa película, é necessário conhecimento, equilíbrio, maturidade e estar em uma boa sintonia.

O ajna relaciona-se à mente. O anahata com o coração. A mente não deve ser mais forte do que o coração, esse é o desequilíbrio mais perigoso, o que gera maior perigo não só para você, mas para todo o mundo. Assim, ame, sinta, empatize-se, demore-se um pouco no coração, faça um belo estágio nele antes de subir para o ajna. E quando chegar ao ajna, não perca o amor.

Um dos problemas atuais da humanidade é exatamente este: o desenvolvimento da mente, que assumiu um papel de mando, em geral não é devidamente acompanhado pelo do coração.

Acredite

Percebemos o mundo que estamos preparados para aceitar, ou que queremos aceitar.

A mente projeta, aceita e rejeita.

Então uma das dicas fundamentais para o desenvolvimento da clarividência é esquecer o pensamento cético, que aqui se configura na crença que o mundo é apenas aquilo percebemos hoje.

Não estamos dizendo para você pular para a “consciência mágica”, mas para ter em mente que é possível que existam outros tipos de percepção e mesmo planos de existência, e estar aberta a isso.

Na verdade, no que à clarividência se refere é ainda mais eficaz ter a convicção de que eles realmente existam, embora talvez isso seja indicado apenas para pessoas que possuam centramento suficiente.

Foto Macro Do Olho
Foto Macro Do Olho © Michael Morse em Pexels

Em matéria de mente e vida exterior, social, temos de encontrar um equilíbrio entre a aceitação e a rejeição, e um discernimento entre o conhecimento real e a projeção ou a imaginação. Esses dois desafios são os mesmos quando falamos de percepções extrassensoriais (PES).

Aquele que rejeitar tudo, quase nada verá e rechaçará aquilo que ver.

Ao tornar-nos mais receptivos, a primeira coisa que tendemos a perceber é o conteúdo de nosso próprio mundo interior, que revestirão mesmo impressões externas. E aí essa projeção torna-se o desafio.

Lidando com a clarividência infantil

É comum os adultos terem se adequado de tal modo ao ajuste perceptivo ou descrição do mundo material, que rechaçam quaisquer outras abordagens ou percepções como fantasiosas, alucinatórias.

Isso acontece particularmente no processo de educação dos filhos. Quaisquer “amigos imaginários” ou descrições fantásticas são interpretados como fantasias infantis, e isso muitas vezes é passado para a criança.

Dependendo da crença religiosa dos pais, eles podem interpretar essas imagens como demônios e levar a criança a reprimir aquelas visões, ainda que as personagens e situações que se apresentem sejam inofensivas.

Os pais não devem reprimir ou zombar de tais experiências que a criança relata, pois isso costuma fazer com que ela mesma as reprima e feche uma facilidade ou sensibilidade perceptiva que poderia ser importante e útil para sua vida.

Desde que esses fenômenos não estejam produzindo sofrimento para a criança, não há motivos para sua supressão. Uma simples atitude de abertura mental pode levar a termos gerações com muito mais clarividentes e sensitivos.

Ver é perceber

Ao passo que o sentido da visão é aquele que ocupa ordinariamente a maior parte de nossa atenção, sabemos que ele não representa todo o espectro de nossas percepções.

O mesmo pode ser dito em termos de percepções extrassensoriais.

Deixe momentaneamente de lado a concepção de se ver apenas pelo sentido visual. Comece a perceber mais.

A atitude de nos tornar mais sensíveis está incrementando por si só nossas faculdades para além do padrão sensorial.

Finalmente, o “ver”, como perceber ou compreender claramente é uma faculdade mais valiosa do que as PES.

Nesta palestra e workshop Saulo Calderon explica um pouco mais a respeito da leitura e percepção energéticas.

Práticas e técnicas para se abrir a clarividência

Antes de iniciar a prática de técnicas visando a abertura da clarividência, é importante saber que este processo costuma ser longo: a não ser que a pessoa já tenha uma predisposição a essa faculdade, é de se esperar um desenvolvimento orgânico, lento, paulatino (fato atestado por diversos clarividentes, como Barbara Ann Brennan, em seu livro Mãos de luz).

Também não há garantias: não é certo que você irá se tornar um clarividente pleno, que irá visualizar claramente emanações energéticas, emocionais das pessoas, que irá enxergar outros planos de existência, espíritos, etc. Pode acontecer que você tenha apenas flashes involuntários de locais, situações, pessoas aleatórias, na chamada clarividência viajora, ou que ela abra autonomamente por um instante e logo feche.

Como a abertura da clarividência está diretamente relacionada com o des-envolvimento ou desbloqueio do chakra frontal e da glândula pineal, a Ayahuasca, que age nesses e em todos os centros energéticos do corpo, pode ser um auxílio importante. O mesmo se pode dizer de yogas como Kriya Yoga e Kundalini Yoga.

Vamos às práticas.

Trataka: fixação da atenção

Trataka é um exercício de purificação física do Yoga e também de desenvolvimento da concentração e foco mental.

A prática de trataka com uma vela também pode ser um bom exercício inicial de desenvolvimento da clarividência e sensibilidade visual. Você pode propô-la para si mesma, por exemplo, por um período de 30 dias, idealmente ininterruptos.

A luz artificial e a natural

O uso excessivo da luz artificial das telas e lâmpadas elétricas impacta nossa sensibilidade ocular. Desde que no mundo prático de hoje é praticamente impossível viver sem elas, uma prática que tende a aumentar a sensibilidade da visão é o uso de vela ou velas em determinado período da noite, sobretudo em momentos de recolhimento e solitude, o que ademais propicia um melhor centramento e contato com o silêncio interior, além de um retorno psíquico ao tempo (gravado em nossa herança genética ou mesmo espiritual) em que o fogo era nossa companhia constante.

Esse momento pode ser, por exemplo, o do jantar ou aquele em que você está lavando a louça, ou o de ficar simplesmente sentada em relaxamento em presença somente de uma vela.

Períodos no escuro durante a vigília também colaboram: uma atividade que geralmente pode ser feita sem prejuízo nessas condições é o banho.

Alargando estados hipnagógicos e hipnopômpicos

O estado da consciência do “retorno” do sono ou sonho para a vigília é chamado hipnopompia e aquele entre a vigília e o sono ou sonho, hipnagogia. Em sânscrito, esses estados são chamados de yoganidra.

Talvez a maior parte das pessoas já tenha passado por experiências que podemos chamar de percepções extrassensoriais (PES) quando nesses estados. Ouvimos vozes, escutamos músicas desconhecidas (e muitas vezes maravilhosas), vemos um busto de alguém desconhecido ou conhecido, temos sensações e percepções existenciais.

A ciência cética costuma definir essas experiências como um “sonhar acordado”, chamando-as de alucinações, muito embora o conteúdo dessas percepções em nada se pareça com aquilo que a pessoa tenha sonhado alguma vez na vida.

A própria palavra alucinação pode ser um pouco enganosa. Em última instância, tudo (exceto o ser real) é uma espécie de sonho ou ilusão, que os indianos chamam maya. Pode-se dizer que você como pessoa individual e sua vida são um sonho do (seu) ser real – que toda a existência é um sonho.

Pois bem, o Caciano Camilo Compostela (que não conhecíamos antes deste vídeo) propõe uma técnica simples: alargar ou ampliar o tempo em que nos encontramos nesse estado entre o sono e a vigília ou vice-versa. De fato, por exemplo ao acordar é possível retardar, até certo ponto, a volta de nossa função mental normal, permanecendo em um estado que favorece PES, sobretudo a clarividência.

Conhecimento e ilusão

No vídeo, Caciano aborda também a direção e imaginação de tais imagens. Neste quesito, dependendo do seu objetivo ou do tipo de clarividência que você queira ter, recomendamos alguma cautela.

É comum nos depararmos com materiais perceptivos de diversos médiuns que nada mais são do que projeção de suas mentes ou de crenças sociais – muitos deles não fazem mais do que acrescentar uma camada a mais de ilusão que, em última instância, está mais distanciando-os do que aproximando-os de seu próprio ser.

O autoconhecimento, desenvolvido por exemplo com práticas de meditação e jnana yoga, é mais importante do que a clarividência, a clariaudiência ou outros poderes. Sem ele, você estará muito mais vulnerável a cair no autoengano ou na conversa de “mestres” iludidos do astral.

Já somos videntes

Tendemos a projetar o futuro, perdendo aquilo que está acontecendo agora. O fato é que já somos videntes, audientes (etc.) de todo um mundo de sensações. Essas percepções nos permitem interagir com o mundo exterior e obter conhecimento dele.

Encontramos pessoas e situações que nos ensinam coisas úteis e também coisas passageiras, ilusórias, inúteis ou mesmo enganosas e falsas. Por isso, o conhecimento externo não necessariamente é autoconhecimento; muitas vezes nos afasta dele.

Ter todas as faculdades perceptivas neste mundo pode não ser de muita ajuda se não há uma metanoia, a mudança de direção para aquilo que está acontecendo do lado de dentro, para o ser, a quem isso tudo está acontecendo.

Não perder-se (perder a si mesmo) somente do lado de fora é o desafio de práticas mediúnicas ou espiritistas.

Aumentando a percepção pela vibração

Samuel Sagan, da Clairvision (™), apresenta em seu livro O Despertar da Visão Interior uma técnica de desenvolvimento da clarividência através da estimulação vibratória, com olhos fechados, de pontos de percepção. A teoria e a técnica básica são apresentadas até o capítulo 3 do livro.

Samuel Sagan, da Clairvision School, originária da Austrália, criou um método para desenvolver a clarividência a partir da visão do si mesmo, o que significa que nos seus ensinamentos o caminho e foco é o desenvolvimento da consciência de si ou autoconhecimento.

chela » Clairvision (™)

Concentrando-se no terceiro olho

Uma outra técnica associada ou semelhante à de Samuel Sagan é a de, com os olhos fechados, colocar a atenção no ponto do “terceiro olho”, como se olhasse para ele (mas não envesgue os olhos para esse ponto). Esta técnica energiza e estabelece uma vibração na região que opcionalmente, na mesma ideia de Sagan, pode ser utilizada para potencializar o que está sendo percebido.

Este procedimento pode ser feito a qualquer momento, como por exemplo em meditação, aonde o foco da atenção pode variar: além de no que está sendo visto, pode estar na respiração e seu som (como no caso da Hong-So do Kriya Yoga), bem como em quem está percebendo, no observador (que pode ser um “efeito” da Hong-So).

Outro momento propício para esta técnica é antes de dormir, momento em que ela tende a favorecer também sonhos lúcidos e projeções astrais.

Técnica de percepção e chama interior

Esta é uma técnica de visualização e percepção. No escuro, de olhos fechados, imagine ou sinta uma chama ou luz bem no centro da cabeça, na região do chakra ajna e da glândula pineal ou epífise.

Você pode senti-la, percebê-la ou vê-la brilhando ardentemente. Permaneça pelo tempo que quiser ou que conseguir manter a chama acesa.

Alternativamente, sempre de olhos fechados, ao invés de perceber a chama você pode simplesmente ser a partir do seu chakra ajna ou da sua glândula pineal, movendo mesmo seu centro de consciência ou percepção para lá, percebendo o entorno a partir deles, não apenas visualmente, mas envolvendo um sentido de percepção cinestésica (“corporal”, espacial) de seu ser e do ambiente.

Técnica da chama com maçarico

A partir da ideia dessa luz no meio da cabeça, imagine que ela é direcionada para o centro da testa, como um maçarico, queimando o canal que liga a base do chakra frontal ao terceiro olho, conforme explicado por Saulo Calderon neste vídeo – ele há anos divulga esta técnica. Como Alberto Cabral desenvolveu (ou popularizou) também há anos uma técnica similar, a do Saulo pode ter sido inspirada nela.

Exercício com a lâmpada de luz infravermelha

Se recomenda-se cuidado na execução adequada e responsável das técnicas acima para que não produzam efeitos mais nocivos do que produtivos, para esta técnica ele deve ser redobrado.

Isso porque a luz infravermelha utilizada pode causar danos à vista, ainda maiores quando expomos nossos olhos a ela por mais tempo do que o indicado ou quando olhamos diretamente para ela.

Por esse motivo, esta técnica é melhor aprendida em cursos, como veremos abaixo.

Cursos de clarividência

Conhecemos dois professores que passam esse exercício com a lâmpada de luz infravermelha, dentre outras práticas, em seus cursos de clarividência.

O desenvolvedor da técnica, Alberto Cabral, ministra cursos em São Paulo e online. Como a agenda de seu site está “quebrada”, convém entrar em contato com o telefone ou e-mail disponíveis no site para informações a respeito de seu próximo curso de clarividência, ou acompanhar a agenda através das postagens na página no Facebook ou no Xwitter. Seu canal no Youtube é o Laboratório Evolutivo.

Liliane Moura Martins (site, Facebook, Instagram, Youtube), que não temos informação se ou até que ponto é cocriadora da técnica, também a ensina em seu curso de clarividência. Contate-a ou acompanhe-a nesses canais para saber quando será a próxima turma.

Em seu livro Projeção astral: O despertar da consciência, p. 155-156, Liliane descreve sumariamente o exercício, mas reforçamos que caso queira fazê-lo, assim autodidatamente, faça-o com autorresponsabilidade, por sua conta e risco, sempre observando qualquer desconforto anormal nos olhos e na visão.

No livro, a autora também explora, com experiência e propriedade, todos os aspectos gerais das experiências fora do corpo, elucida dúvidas, propõe exercícios, abordando diversos temas relacionados ao assunto, como a explicação e desenvolvimento dos chakras, sensitividade, evolução espiritual e a consciência e seu despertar.

Para além das técnicas

Mais do que os poderes ou percepções extrassensoriais como a clarividência, o verdadeiro sinal de um ajna chakra desperto é uma consciência lúcida e clara, que , percebe aquilo que é real, existencial e o que é ilusório em cada situação da vida.

Para isso, é de ajuda os caminhos e livros de autoconhecimento, como o Jnana Yoga e os caminhos meditativos em geral.

Meditação

A meditação é um meio para o autoconhecimento que pode ter como efeito secundário a abertura da clarividência, seja em momentos eventuais ou de forma mais constante.

Ajuda de auxiliares extrafísicos / Conduta ética

Muitas vezes a ocorrência de fenômenos de clarividência, clariaudiência e projeção astral é “patrocinada” por auxiliares extrafísicos, também chamados de mentores, amparadores, anjos etc.

O ocultista e membro da Sociedade Teosófica Charles Webster Leadbeater cita no cap. XIV, “As qualificações necessárias”, de seu livro Auxiliares invisíveis, atributos que podem tornar a pessoa mais suscetível a receber tal ajuda.

Livros sobre clarividência

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