Som – Shabda (Śabda)

Quando a pessoa manifesta a intenção de falar, o prana e o ar (vayu) que emanam de muladhara chakra assumem a vibração que mais tarde se tornará audível.

O primeiro estado do som (shabda ou nada) ou discurso (“vak”) chama-se para (parā = supremo, superior, mais elevado, remoto, alheio) e surge no corpo humano no muladhara. Pode ser chamado de som causal.

O som é Shabdabrahman (o som de Brahman), Brahman como som ou o aspecto manifesto (que é um como o imanifesto) de Brahman, ou seja, é Prakriti ou Shakti, que no corpo humano é chamada Kundalini.

Shabdabrahman é a vibração ou som primordial criador e a fonte de todo som ou discurso. O som ou vibração permeia todo o corpo e o cosmos. No corpo humano, o som apresenta quadro divisões, mas em cada uma delas é Shabdabrahman ou Shakti Kundalini. Na qualidade Para, o som está numa condição de fundamento ou causa do Universo, motivo pelo qual no corpo humano também está no fundamento ou muladhara.

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Propagação © Pikist

O som Para toma o movimento ascendente no corpo humano e em seu percurso, saindo de muladhara, a partir de svadhishthana até manipura, na região do umbigo, unido a manas (mente sensorial) torna-se manifesto, porém inaudível, tomando a sua segunda forma, pashyanti (paśyantī).

A seguir, no percurso entre manipura e anahata, na altura do coração, o som associado a buddhi (mente intelectual – que o torna compreensível) assume a terceira forma, de madhyama (mādhyama), que significa “meio”, “central”, pois está entre o perceptível e o imperceptível, e pode ser ouvido ou percebido pelos iogues desenvolvidos em meditação como o som do anahata – desde que o som é Kundalini, pode-se dizer que o iogue ouve Kundalini no seu aspecto madhyama.

Em seu caminho de anahata até a boca, sobretudo em sua passagem por vishuddha, na base da garganta, o som assume sua quarta forma, vaikhari (vaikharī). Nessa região ele é desenvolvido, junto ao ar físico, e articulado e assume uma forma audível pelos sentidos humanos. Vaikhari é, portanto, a manifestação do som sutil, interior.

Devido à identificação de Kundalini com os quatro tipos de som, a prática de mantras e entoações torna-se um poderoso meio para despertar essa energia. Nela, você poderá perceber, ou ao menos mentalizar, que o som nasce da base, sobe, e reverbera por todo o seu ser.

Voltando ao sutil

Shakti (Brahman manifesto), ao final do seu processo de criação, está no corpo humano em muladhara, o centro mais denso. E Shiva (a Consciência Cósmica ou de Brahman) está no sahasrara, o mais sutil. Ambos são Brahman. E a última forma é mais sutil que a primeira, na verdade essa última forma não possui sequer qualidade ou forma.

No caso do som, a evolução do mais sutil ao mais denso faz-se de maneira ascendente partir de muladhara, pois Kundalini, que possui todas as formas, se desdobra dessa maneira. Mas o ponto de manifestação do som mais denso no corpo humano é entre a garganta e a boca, aonde assume a forma de vaikhari, audível.

Então, algumas linhas dizem também que, após a manifestação do som como vaikhari, ele configura-se novamente como pashyanti a partir de ou em ajna, o centro da mente (tanto manas como buddhi), e segue sua sutilização até sahasrara, no alto da cabeça. Lá, mais exatamente em Bindu – “ponto”, o ponto onde a criação começa -, chega finalmente ao estado fundamental de para (parā). O estado do som para (parā) coincide com o estado de para (parā = mais alto, supremo), aquele estado além da criação, o estado de Shiva do ser humano.

Nessa explanação, madhyama permaneceria no anahata, onde é reconhecidamente percebido na experiência empírica, mas ele é associado também à comunicação mental, sediada em ajna, o que poderia colocá-lo também nesse centro, ou seja, novamente entre vaikhari e pashyanti.

“Apada (Brahman sem movimento) se torna Pada (as quatro formas do discurso), e Pada pode se tornar Apada, ele realmente vê (ou seja, torna-se) Brahman”

Suta Samhita, citado por John George Woodroffe em O Poder da Serpente, p. 97

Assim, o sutil som pashyanti encontra-se no mais sutil dos seis chakras, ajna, e aquele som supremo para (parā), que está na causa, além do som, encontra-se também no que está além dos chakras, o sahasrara.

Quando Kundalini Shakti une-se a Shiva no sahasrara, a dissolução (laya) do Universo das formas e a identificação com o Todo é alcançada pelo praticante.

Níveis de comunicação

O ser humano comum comunica-se através do discurso audível por semelhantes, vaikhari.

Mas os níveis mais sutis de som também são utilizados para comunicação entre seres mais sutis e entre eles e o ser humano que desenvolve a capacidade de percebê-los.

Assim, na forma de madhyama acontecem comunicações que podem ser percebidas em anahata ou também na mente, e que não precisam ser expressadas pela voz.

Só é possível perceber pashyanti, em um nível mais sutil ainda, em estados além da mente, meditativos, transcendentais, ou por pequenos períodos ou lapsos que podem ocorrer, por exemplo, entre o sono e a vigília. Iogues avançados o atingem também em estado de sono profundo, sem sonhos/sem mente, mas com consciência. É um campo de rishis, devas e seres próximos à autorrealização.

Já “para vak” é um estado de som muito próximo à realidade fundamental, brahman; é seu primeiro desdobramento no plano manifestado. Logo, apenas um ser identificado com essa realidade é capaz de percebê-lo. Esse ser pode falar em nome da Unidade ou de Deus. O estado em que é possível senti-lo chama-se turiya.

Pode-se dizer que nós emitimos e percebemos comunicações na mente e no coração – madhyama -, mesmo que em menor grau ou em escala ainda pouco consciente. E alguns de nós, que se entregam (dissolvem-se) na meditação, na música, na dança, na Ayahuasca ou no amor (etc.), percebem vislumbres de níveis vibratórios mais elevados.

É dito que os rishis receberam (“ouviram”) os Vedas nesses elevados níveis extra-sensoriais (melhor dizendo, para-sensoriais).

Práticas constates envolvendo recolhimento dos sentidos (pratyahara no yoga), pranayama, meditação, etc. ajudam a desenvolver nossa para-percepção.

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