Título original: Twenty cases suggestive of reincarnation (1966)
1970 / 1973
Editora Difusora Cultural
357 págs.
Vinte casos sugestivos de reencarnação traz as informações e conclusões da pesquisa investigativa dos casos de alegada reencarnação empreendida nos anos 60 pelo psiquiatra Ian Pretyman Stevenson (1918-2007). Este tema foi recorrente em toda a sua carreira de produção bibliográfica e acadêmica.
Neste livro, Stevenson procurou sempre apresentar os fatos e alegações de forma bem documentada e isenta, de maneira que o leitor também possa fazer as suas próprias avaliações. Ele também não deixou de analisar os testemunhos do ponto de vista crítico.
Nesse processo, analisou possíveis explicações alternativas, mais céticas, que pudessem explicar a ocorrência de tais acontecimentos, discutindo tanto sua amplitude como sua limitação para tal intento elucidativo, dependendo do caso analisado.
Sua conclusão, apresentada a partir da p. 354.3, foi que, embora uma ou mais das hipóteses alternativas pudessem explicar os fenômenos observados em alguns casos, elas eram insuficientes para diversos outros, em que a teoria da reencarnação – ou alguma outra que inclua a sobrevivência da personalidade anterior – pareceu a mais plausível.
Hipóteses alternativas à reencarnação
Criptomnésia
Um desses pontos é trazido por exemplo na discussão da criptomnésia (p. 315.1-3), literalmente “memória oculta”, que é o fenômeno no qual reproduzimos, geralmente anos mais tarde, informações que vimos, lemos ou ouvimos, mas que não temos mais memória disso, de tê-las “adquirido”, pensando que tal conhecimento é “nosso”.
Por esse tipo de memória, por exemplo, podemos reproduzir, pensando se tratar de uma ideia original, algo que aprendemos anteriormente, sem lembrar que na verdade a lemos ou ouvimos em algum lugar.
A criptomnésia explica o que, reconhecidamente, muitas vezes acontece em fenômenos de diversas (ou falsas) “manifestações mediúnicas”. Pode explicar também certos mini plágios no meio artístico.
Mas as formas de sua manifestação não são satisfatórias para explicar a grande maioria dos casos alegados de reencarnação deste livro.
Elos informacionais
Nos casos em questão, o autor sempre procurava encontrar pessoas que poderiam funcionar como “elos informacionais” entre o sujeito que relata as memórias da vida passada e os locais e acontecimentos pregressos referidos por ele.
Essas pessoas poderiam carregar histórias da personalidade anterior até parentes da criança ou a ela diretamente, fenômeno que somado por ex. à criptomnésia hipoteticamente poderia criar memórias falsas.
A complexidade, a identificação e o envolvimento emocional presente na maioria dos casos torna essa hipótese bem fraca, e mesmo impossível em alguns.
Memória genética
A memória genética (p. 320.3-5) – qualquer que seja sua abrangência – somente poderia se dar nos casos em que a nova personalidade tenha descendência direta da anterior, o que não é o que ocorre na maioria dos casos estudados. Os episódios relatados também precisariam ter se passado antes que o descendente direto tivesse sido concebido, o que limita ainda mais essa hipótese.
Percepção extrassensorial e personificação
Um detalhe importante é que as mais relevantes explicações alternativas à de reencarnação também não são “convencionais” ou materialistas, mas envolvem a telepatia e a comunicação mediúnica.
Mas mesmo essa hipótese é mais fraca do que a teoria da reencarnação como explicação dos fenômenos relatados. Um argumento é apresentado no exemplo da p. 324.2, sobre a dificuldade existencial de alguém receber informações telepáticas de diversas pessoas (ou mesmo de uma só, desencarnada) e centralizá-las na formação de um único “eu” anterior.
Hipóteses que incluem a sobrevivência
A possessão (p. 346p-) parece a mais plausível das hipóteses alternativas à reencarnação. Mas ela já se situa em terreno além das explicações materialistas. Ela forçosamente admite a transmigração da alma para outro plano de existência a partir do qual poderia “possuir” a personalidade atual.
Uma vez admitida a transmigração “deste” plano para “outro”, a possibilidade da transmigração do outro para este tem de ser considerada. Neste caso, haveria encarnação, haveria alma e sua sobrevivência. A própria possessão já seria uma volta de lá para cá.
A bem da verdade, quando saímos da explicação padrão cristã que os espíritos ou almas são criados por Deus com o corpo e tem um certo destino definido após ele, abre-se um leque de possibilidades que explicam muito melhor esses casos, a exemplo dos que vemos nas experiências de quase morte.
No caso da possessão em si, Stevenson apresenta suas limitações a partir da p. 349u. A mais evidente é que as lembranças da vida passada são contínuas, integram o “eu” da criança de maneira contínua, junto com a sua personalidade atual, por anos ou mesmo pela vida toda. Geralmente o que se vê é uma fusão, como se fosse uma só pessoa com uma experiência anterior em um corpo distinto, e não a luta, o conflito ou o processo obsessivo que se poderiam esperar de uma possessão.
Os casos
Os vinte casos principais que Stevenson apresenta neste livro estão distribuídos em 7 casos na Índia, 3 no Ceilão (hoje Sri Lanka), 2 no Brasil, 7 no Alasca e 1 no Líbano.
Diversas dessas crianças com memórias vívidas de vidas passadas se consideravam adultas, não brincando como outras crianças. Algumas apresentavam mesmo apego emocional à sua vida passada ou à condição social em que se encontravam.
Descrevendo a maneira usual em que um caso típico se apresenta, o autor relata que geralmente a criança, entre 1 ano e meio e 4 anos de idade, começa a falar para seus pais e irmãos a respeito de uma vida que teve em outra época e lugar (p. 24u). O interessante é que em muitos desses casos a criança relata informações que não poderia ter obtido por meios convencionais, que na verdade eram conhecimentos privados de sua personalidade anterior, como nomes de familiares, detalhes do relacionamento com eles, acontecimentos e acidentes pelos quais passou, disposição de acomodações de sua residência pregressa, etc., muitas dessas informações reveladas de forma inequívoca e contundente.
O caso de Jasbir (p. 39-) é atípico e impressionante: a reencarnação em um corpo vivo. Um garoto de 3 anos e meio morre e no sepultamento o corpo ganha vida novamente. Quando “ele” volta a falar, aparece uma notável mudança de comportamento somada a memórias vívidas de uma vida em outro lugar.
Período intermissivo
A Conscienciologia, idealizada por Waldo Vieira, chama de intermissão o intervalo de tempo vivenciado pelas consciências entre a morte física e o renascimento neste plano.
Nos casos em geral, o período para reencarnação (parto) variou. Alguns exemplos:
- 6 meses (no caso de uma criança assassinada com 6 anos – p. 91.2), em um caso em que é “quase certo” que o desenvolvimento embriônico já estivesse se iniciado antes da morte anterior (p 349.1 – embora o autor em nota [1] tenha afirmado que o registro de nascimentos e óbitos eram incertos na Índia de então)
- 6 anos (p. 105.3)
- 1 ano (p. 109)
- 19 anos (retorno do irmão do pai com repercussão kármica e similaridade física – p. 146.1-2)
- 1 ano e 6 meses (reencarnação na mesma família – p. 246.2)
- 1 ano (no caso de uma menina que havia sido um menino em sua vida anterior, morto aos doze anos de idade – p. 130-3-4).
Outro caso de reencarnação com mudança de sexo se deu em um dos casos do Brasil. A personalidade anterior não se aceitava como menina (194.3). Na nova encarnação, como menino, relutou em aceitar a condição masculina (195.3-4), o que o fez aos poucos, muito embora os trejeitos femininos o acompanharam por toda a vida. Isto pode lançar uma luz interessante à discussão sobre a identidade de gênero.
Em casos fora desta coleção (p. 348u), que provavelmente não possuem a força de evidências daqueles apresentados no livro, houve intervalos ainda menores entre o óbito e o novo nascimento no parto, como 18 horas, 4 dias e meio, e 5 semanas, e ainda outro em que uma criança afirmou ser uma pessoa que havia morrido depois do seu novo nascimento.
No outro caso brasileiro, o nascimento da nova personalidade (Marta) se deu apenas 10 meses (p. 176.1B-2) após o desencarne anterior, ou seja, se considerarmos a concepção como o momento de encarnação, como acreditava, por ex., Yogananda, a reentrada neste mundo se deu apenas um mês após a morte anterior. Outro fato interessante desse caso, que pode estar diretamente relacionado à velocidade do processo, é o fato da mulher ter prometido, não muito antes de sua passagem, que renasceria como filha da amiga e que lembraria de fatos dessa vida pregressa, o que de fato, sempre segundo o relato, aconteceu. Em dois dos casos do Alasca também houve predições a respeito da próxima vida (p. 221.3 e p. 246.1-2).
Uma observação adicional a este caso é que a morte do corpo físico anterior havia se dado devido a um processo de “descuido suicida”, bem mais intencional do que o do protagonista de Memórias de um Suicida, livro de Yvonne do Amaral Pereira. No entanto, apesar disso, Marta obviamente não teria como ter passado por um longo estágio de sofrimento e regeneração, como o relatado por Yvonne.
Marcas de nascença
Em ao menos cinco dos vinte casos apresentados, os novos corpos possuíam marcas de nascenças condizentes com marcas naturais ou adquiridas do corpo da vida anterior. São os de Ravi Shankar (p. 92.3 e 100.3), Jimmy Svenson (p. 215.4 e 216(3), Charles Porter (p. 229.2), Derek Pitnov (p. 240.1-2) e Corliss Chotkin Jr. (p. 246.2), que Stevenson discute na p. 357.1, aos quais soma (na nota 90) um outro caso na Tailândia, fora da coleção apresentada no presente livro.
É difícil ler ou ouvir este livro sem se impressionar e cogitar que realmente há alguma forma de sobrevivência da personalidade após a morte do corpo físico.

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