Texto presente no livro Os cinco Evangelhos: O que Jesus realmente disse? A busca pelas palavras autênticas de Jesus, p. 20 (p. 39-40 da tradução dos capítulos introdutórios).
Todos os evangelhos circularam originalmente de forma anônima. Nomes oficiais foram posteriormente atribuídos a eles por figuras desconhecidas da igreja primitiva. Na maioria dos casos, os nomes são suposições ou talvez o resultado de desejos piedosos.
Marcos
O Evangelho de Marcos é atribuído a João Marcos, companheiro de Paulo (Atos 12:12, 25; 13:5; 15:36-41; Fm 24; Cl 4:10, 2Tm 4:11), primo de Barnabé (Cl 4:10) e talvez um associado de Pedro (1Pe 5:13). A sugestão foi feita pela primeira vez por Papias (cerca de 130 EC), conforme relatado por Eusébio (d. 325), ambos autores cristãos antigos. Nessa, como em outras questões, Papias não é confiável, porque ele está interessado nas garantias de uma testemunha ocular em vez de no processo oral que produziu Marcos.

Mateus
É Papias novamente, conforme relatado por Eusébio, que menciona Mateus (Mt 10:3) como o autor do primeiro evangelho. Mateus pode ter outro nome, Levi, que é o nome dado ao coletor de impostos em Marcos 2:14 e Lucas 5:27, mas que é chamado de Mateus na passagem paralela, Mt 9:9. Não podemos explicar as diferenças de nome. A afirmação de Papias de que o Mateus canônico foi composto em hebraico é claramente falsa; Mateus foi composto em grego na dependência de Q e Marcos, também escritos em grego por autores desconhecidos.
Lucas
A tradição de que Lucas, o médico e companheiro de Paulo, foi o autor de Lucas-Atos remonta ao século II EC. O Lucas em questão é mencionado em Colossenses 4:14; Fm 24; 2 Timóteo 4:11, onde é identificado como médico. É improvável que o autor de Lucas-Atos tenha sido um médico; é duvidoso que ele tenha sido companheiro de Paulo. Como as outras atribuições, essa também é fantasiosa.
Tomé
O Evangelho de Tomé é atribuído a Dídimo Judas Tomé, que era reverenciado na igreja síria como apóstolo (Mateus 10:3; Marcos 3:18; Lucas 6:15; Atos 1:13; cf. João 11:16; 20:24; 21:2) e como irmão gêmeo de Jesus (assim afirmado pelos Atos de Tomé, uma obra do século III EC). A atribuição a Tomé pode indicar onde esse evangelho foi escrito, mas não nos diz nada sobre o autor.
João
O Quarto Evangelho foi composto por um autor anônimo na última década do primeiro século. Por volta de 180 EC, Irineu relata a tradição que atribui o livro a João, filho de Zebedeu, enquanto outros o atribuem a João, o ancião, que viveu em Éfeso, e outros ainda ao discípulo amado (João 13:23-25; 19:25-27; 20:2-10; 21:7, 20 – 21). O Quarto Evangelho foi combatido como herético na igreja primitiva e não conhece nenhuma das histórias associadas a João, filho de Zebedeu. Na opinião de muitos estudiosos, ele foi produzido por uma “escola” de discípulos, provavelmente na Síria.
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