A palavra sânscrita maya (māyā) não tem uma tradução exata. Entre seus significados estão ilusão, engano, mágica, truque, encantamento, uma imagem ilusória.
Como afixo de palavras, maya (maya) pode significar “feito de”, “consistindo ou composto de”.
A maya universal
A maya universal é o sonho, ilusão ou mágica da consciência que projeta (aparentemente) todo o Universo manifestado (ou mesmo incontáveis universos), nosso mundo “natural”.
Maya é o upadhi da consciência, o véu da “realidade” manifestada sobre o real, uma sobreposição que a encobre mas que é também seu veículo de manifestação.
No Vedanta darshana, maya é irrealidade. É a ilusão que faz com que percebamos o Universo como real, mesmo ele sendo irreal e distinto do Espírito, brahman. Para entender melhor este ponto de vista, veja prakriti.
Somente o ser, o si mesmo, é a realidade. O mundo e tudo mais não o são. O ser realizado não vê o mundo como diferente de si mesmo.
Ramana Maharshi, em Questionário para a iluminação (Diálogos)
Maya também pode ser entendida como o aspecto manifestado e mutável de brahman, ou seja, daquilo que em última análise é imanifesto e imutável. Nessa visão maya seria real, pois é a forma criada a partir da vibração d‘Aquele sem forma e, portanto, parte real dele. Mas em última análise é ilusória – por isso diz-se que maya, “o mundo”, é real e irreal.
Maya é o conceito usado para significar as manifestações (objetos, corpos, mente, etc.) da realidade, do real (atman ou brahman).
O poder de shakti como maya cria a mente e a matéria, que velam e contraem a consciência (chit), criando assim os mundos manifestos. Esse efeito é chamado de upadhi no Vedanta darshana. Assim, onde não há mente, não há limitação.
Espaço e tempo estão em maya. Não só o espaço percebido na dimensão material, mas também todos os outros planos de existência, do mais sutil ao mais denso. Tudo o que conhecemos e imaginamos é maya. Fora de maya, só existe essa Existência Pura, que não pode ser entendida pela mente.
“Quando você começar a questionar o seu sonho, o despertar não estará longe.”
Nisargadatta Maharaj, em Eu sou Aquilo (final do cap. 21)
Vivekananda defende que atribuir o simples conceito de ilusão a maya é incompleto e até errôneo, pois maya não é simplesmente uma teoria, mas um enunciado de fatos sobre o universo tal como ele é: tudo que tem forma, tudo o que evoca uma ideia em suas mentes, está em maya, pois tudo o que está submetido às leis de tempo, espaço e causalidade está em maya, diz o discípulo de Ramakrishna.
Não se deixe seduzir pelas aparências, não pense senão no Espírito que está presente em todas as coisas e as anima, não veja senão o divino em tudo!
Sudei Babu, astrólogo e mestre do yoga tibetano, relatado por Paul Brunton em seu livro A Índia Secreta (de 1934)
A maior ilusão é o eu individual, conforme nos explica Ramana Maharshi na passagem Do sono profundo à iluminação.
Maya está dividida em 24 princípios cósmicos: prakriti, consistindo dos gunas rajas, tamas e sattva; mahat (mente cósmica); ahamkara (consciência do eu, sentido do ego); os onze órgãos sensoriais (a mente, os olhos, os ouvidos, os olhos, a língua, o nariz e as mãos, os pés, o órgão da fala, e os órgãos de reprodução e evacuação); os cinco elementos rudimentares (som, toque, sabor, cheiro e visão); e os cinco elementos grosseiros (éter [akasha: espaço], água, terra, fogo e ar). Através da ação e da interação desses 24 princípios, maya cria o universo.
Nota de Carlos Alberto Tinôco ao comentário de Shankaracharya ao Shvetashvatara Upanishad, em As Upanishads
Maya (sânscrito): gênero: fem.
Ver também
Jnana-Yoga: o caminho do conhecimento (Swami Vivekananda) – pdf
No livro Jnana-Yoga, somos conduzidos por Vivekananda através de uma profunda investigação sobre o que vem a ser o eu real ou atman e a Existência e sua maya.
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