A vida de São Issa, ou Santo Issa, Jesus, é a compilação de um suposto texto antigo encontrado e transcrito por Nicolas Notovitch em 1887 e publicado em seu livro A vida desconhecida de Jesus Cristo. Essa obra, citada por Holger Kersten em Jesus Viveu na Índia, teria sido encontrada por Notovitch no mosteiro Himis, próximo à cidade de Lé, então capital do reino tibetano do Ladaque e hoje situada no noroeste da Índia.
O texto relata que Jesus, a partir dos catorze anos, teria deixado Israel e passado por diversas cidades indianas e de outros países, aprendendo e ensinando por lá.
Yogananda e tradições orais locais
Em seu livro A Segunda Vinda de Cristo (Vol. I), no capítulo do Discurso 5 – Os anos desconhecidos da vida de Jesus – estadia na Índia, Yogananda diz que a passagem de Jesus pela Índia relatada por Notovitch coincide com uma intuição ou teoria que ele tinha acerca desse fato, a de que Jesus teria estado na Índia antes de seu reaparecimento nos evangelhos canônicos, por volta dos trina anos.
Acontece que o texto do livro A vida de São Issa é extremamente pobre. Então Yogananda não faz uso dele em seu comentário sobre os ensinamentos espirituais de Jesus apresentado em sua obra de 3 volumes, mas o trata mais como um indício da estadia do mestre naquele país. A falta de sabedoria no texto é atribuída ao fato de que não foi o próprio Issa ou Jesus quem o escreveu, mas este foi baseado nos relatos de comerciantes viageiros de Israel e outras pessoas e, em seguida, foi submetido a diversas traduções e transcrições: provavelmente do páli para o tibetano, copiado para outros monastérios em tibetano, e passado por uma última tradução feita por um intérprete a Notovitch, um russo que verteu o texto para o inglês.
Para corroborar sua teoria, o iogue indiano cita outros pesquisadores e buscadores espirituais que visitaram a Caxemira e o Tibete nas primeiras décadas do século 20 e relataram uma tradição oral viva sobre a passagem de Jesus ou Issa pela região. Entre esses, está Swami Abhedananda, discípulo de Ramakrishna, que em seu Swami Abhedananda’s Journey into Kashmir & Tibet fez a sua própria tradução de alguns versículos do manuscrito no mesmo mosteiro (ou indianizou o trecho de Notovitch). Veja um exemplo:
Com o objetivo de se aperfeiçoar no conhecimento da palavra de Deus e no estudo das leis dos grandes Budas.
Versículo 13 do capítulo 4, tradução de Notovitch vertida para o português
Neste momento, o seu grande desejo era alcançar a completa percepção da divindade e aprender religião aos pés daqueles que se aperfeiçoaram por meio da meditação.
Versículo traduzido por Abhedananda, vertido para o português
O orientalista Max Müller afirma que o lama-chefe do mosteiro Himis negou que qualquer ocidental havia estado por ali nos anos que Notovitch o afirma, e que o mosteiro não possuía nenhum documento relacionado a essa história. Veja outros pontos sobre isso no verbete Nicolas Notovitch, na Wikipedia (tradução automática / original).
Conclusão
No que diz respeito à busca espiritual e a encontrar ensinamentos originais do Caminho de Jesus, esse texto não acrescenta nada – ainda que tenha passagens belas e benevolentes. O que flagra a invalidade do texto são as falas e atitudes atribuídas a Jesus, que não lembram às suas e nem são as de um homem iluminado. São de alguém que desconhece o que é o ser e o Reino dos Céus. Elas não são nada transcendentes: falam da ira, do castigo e do juízo de Deus, do Seu zelo (ciúme) com relação a adoração a ídolos e até ao Sol, além de apresentarem diversas imprecisões e demonstrarem ignorância a respeito do Budismo e dos conceitos hindus, sobre os quais ele teria aprendido.
De duas uma: ou o texto foi completamente forjado por Notovitch, ou foi composto por alguém na tentativa de preencher a lacuna dos evangelhos canônicos do que teria sido a vida de Jesus dos 12 aos 30 anos. Os escritos podem ser baseados em uma tradição oral que, talvez pelo processo de amplificação lendária de histórias antigas e ou pelo “orgulho espiritual indiano”, pode ter juntado a história de um mestre conhecido como Issa (Ish [Īś] em sânscrito quer dizer comandar, ser mestre de…) com a de Jesus.
É de se observar que, caso Jesus tenha passado pelas regiões citadas no livro, ele provavelmente estava mais na condição de discípulo, estudante ou mestre em formação, ainda não estando em seu ápice espiritual ou autorrealizado (como o livro às vezes dá a entender), pois não há indícios de seguidores ou relatos espiritualmente convincentes.
Concluindo, ainda que, pelo teor de seus ensinamentos que chegaram até nós, Jesus pode ter aprendido também de fontes budistas, hindus, taoistas (mesmo sem sair de seu país) ou ainda das escolas de mistérios e mestres do próprio Egito, e pode inclusive ter mesmo estado na Índia nesse período, certamente os relatos aqui apresentados e principalmente as palavras reportadas como sendo do nazareno não guardam relação com o que de fato ocorreu.
A vida desconhecida de Jesus Cristo (Nicolas Notovitch) – livro em pdf
O texto A vida de São Issa: o melhor dos filhos dos homens é apresentado neste livro de Notovitch, no capítulo A vida de São Issa. Os pdfs para download abaixo foram traduzidos automaticamente pelo Google Translator e gerados a partir da página do livro em inglês no Projeto Gutenberg.
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Os diferentes Jesus Cristos (Ramon Garza Wilmot) – livro em pdf
Vamos anexar aqui também o livro Os diferentes Jesus Cristos (original em espanhol) – apesar de não o termos lido (ao menos até o momento) -, pois no capítulo 5, São Issa, Ramon Garza Wilmot apresenta sua tradução do inglês de Notovitch para o espanhol, o que pode gerar uma tradução mais compreensível ou esclarecer dúvidas com relação a determinadas passagens.
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