Tao

O “caminho-Tao”

Como descrito na página de definição do Tao, Tao é Aquilo que é, Tao é Isto. É a essência do ser como consciência e o princípio absoluto subjacente ao Universo, com seus aspectos imanifesto e manifesto – o Espírito e a Natureza ou Universo Natural -, tal qual o conceito hindu brahman; a seu exemplo, o Tao é inefável. O Tao é a harmonia entre o céu e a Terra.

Tao - bagua
Bagua ou Pakua, símbolo comumente usado para representar o Tao e sua busca. © CC Benoît Stella alias BenduKiwi

O Tao como caminho, que se descreve aqui, é o que é chamado também de Taoismo, mas este último termo pode representar uma ampla gama de variações, visões e práticas filosóficas e religiosas, algumas das quais podem diferir de nosso entendimento a respeito do Tao. Não obstante, todas elas têm como base este mesmo Tao. (Ver mais na Wikipédia)

A palavra que os precursores do Tao escolheram para defini-lo foi esta, Tao, caminho, porque ela representa o estado presente. A realidade absoluta é o próprio caminho, é o próprio caminhante, aqui, agora.

A inefabilidade do Tao

O Tao que pode ser expresso não é o verdadeiro Tao.
O nome que lhe pode ser dado não é o seu nome verdadeiro.
Sem nome é o princípio do Universo;
e com nome, a mãe de todas as coisas.
Desde o não-ser contemplamos sua essência;
desde o ser só vemos sua aparência.
Ambas as coisas, ser e não-ser, têm a mesma origem, embora nomes distintos.
Sua identidade é o mistério.
E neste mistério está a porta para todas as maravilhas.

Tao Te Ching (Lao Tzu), verso 1, baseado na versão Tao Te Ching (Lao Tse) – español.pdf

Wu wei (無為)

➡️ Wú (無): não; nenhum; nada; de modo algum; sem – não ter (algo). Sentidos derivados: não-, nunca, vazio ou não existência.
➡️ Wèi (為): fazer; (também) para.

Wu wei significa não fazer ou não-ação. Especialmente não agir contra o curso natural do Tao e do Universo. Este conceito relaciona-se com o princípio da não-interferência e com a grande aceitação que o Tao é; o Tao não é uma busca, não é uma luta, não é o acúmulo de conhecimento – é um abrir mão da busca, do buscador, dos conhecimentos, da mente. Para se chegar a Ele, carecemos mais de nos despir do que conhecemos do que nos envolvermos em mais conhecimento.

Praticando o estudo, diariamente se acrescenta algo
Praticando o Tao, diariamente se desprende algo.
Desprendendo cada vez mais
se chega ao estado de wu wei [não-ação].
No não-fazer, nada fica por fazer.

Receba o ordinário da terra abaixo do céu, sem manipulá-la
e alcançarás o propósito dela.
O muito fazer não te dará esta terra.

Tao Te Ching (Lao Tzu), verso 48 – Esta tradução independente procura transmitir o significado geral do verso, mas está longe de ser definitiva. Um estudo comparativo das traduções disponíveis do livro em sua totalidade pode atestar sua dificuldade de tradução e variedade de interpretações.

Wei wu wei, ação sem ação, agir sem agir, é exatamente o mesmo que o Karma Yoga por excelência.

O Tao é natural

O Tao não é uma luta contra a Natureza, aquela que vemos em muitos yogas e na ciência. Estes são ativos, masculinos, agressivos; a atitude taoista é passiva, feminina, negativa. O Tao é o contrário do esforço. Nele, não temos algo como o brahmacharya, a continência.

Há dois tipos de mentes discutidas no Tao: uma que eles chamam de mui e a outra que eles chamam de ui. Mui significa natural, relaxado, e ui significa não natural, tenso. Quando você está lutando com a vida, existe como ui; quando está fluindo com a vida, existe como mui. Nadando, você funciona como ui; flutuando, você funciona como mui.

Osho, em Tao, O Caminho sem caminho – Vol 2, p. 311p

O Tao é uma aceitação, um fluir com a natureza, um ser a Natureza, pois ela é a manifestação do Tao, daquilo que nós somos. Quando lutamos com a natureza interior ou exterior, o ego se fortalece; quando a aceitamos, o ego não aparece, pois, afinal, quem está lutando? Em geral, o ego se fortalece no não e se dissolve no sim; ele nunca é a situação, é sempre a oposição.

O Caminho sem caminho

Desde que o Tao como caminho é “simplesmente” reconhecer-se como o Tao, é complicado recomendar alguma prática, mas o conhecimento de alguns outros caminhos afins, como os vedantinos Jnana Yoga e Karma Yoga, pode ser de ajuda. Neles, vemos que se alcança a verdadeira essência, universal, quando se deixa, abre mão ou renuncia à ideia individual, ao ego. A dissolução do ego também é a essência mesma do Laya Yoga.

Duas obras que podemos recomendar que tratam da abordagem mesma do Tao são: Tao: O Caminho sem caminho, de Osho e a tradução do Tao-Te King de Solala Towler, que acompanha práticas de meditação, respiração e movimento associadas a cada um dos 81 versos do manuscrito.

Conceitos do Tao

Manuscritos do Tao

O Tao Te Ching e o Chuang Tzu são as obras clássicas e fundamentais do Taoismo – muitos somam a elas o Lieh Tzu.

Livros sobre o Tao

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