Yoga

Yoga, por Elly Fairytale
© Elly Fairytale, em Pexels

Pureza da mente leva à perfeição no Yoga.
Regule sua conduta quando estiver lidando com os outros.
Não tenha sentimentos de ciúme e inveja para com os outros.
Seja compassivo.
Não odeie os pecadores.
Seja gentil com todos.
Desenvolva complacência com os superiores.
O sucesso no yoga será rápido se você puser sua máxima energia em sua prática de yoga.
Você deve ter um desejo ardente pela liberação e um intenso desapego, distanciamento também.
Você deve ser sincero e sério.
Intenção e constante meditação são necessárias para entrar em Samadhi.

Swami Sivananda

➡️ Yuj (raiz de “yoga”): união; unir; anexar; conectar.

Yoga é a união ou identificação do ser com o Todo, o Absoluto, e também o conjunto de métodos pelos quais se alcança esse objetivo.

Essa união foi constatada pelos sábios da Advaita Vedanta também como Identificação: seu ser – para alguns sinônimo de alma -, que em sânscrito é chamado atman, é o próprio Todo, chamado de brahman, e a realização e vivência dessa identificação é o objetivo máximo da vida. Durante os processos do yoga há dualidade, há dois, há o outro, há alguém que quer se unir a outra manifestação. Mas o estado de yoga, para o Não-dualismo, não é a união de dois entes diferentes, mas a Unidade ou consciência da própria Unidade.

Para concepções dualistas, aonde seu ser ou Purusha não é o mesmo do que o do outro e, consequentemente, esse seu Purusha não pode ser o mesmo que Brahman, yoga fica definido como união no sentido de junção de duas entidades.

Note que há outro aspecto de dualidade, como apresentado no Samkhya Darshana: aquele entre Purusha (O Espírito) e Prakriti (A Criação). Algumas linhas defendem a identificação também desses dois, com Prakriti sendo uma emanação de Purusha (que aí é Atman e Brahman) e, portanto, não diferente dele.

Yuj também tem o significado de controlar, submeter, através de um jugo ou arreio. Yoga assim é também o controle do corpo e da mente, de suas impressões, emoções e pensamentos.

E o “estado de yoga” é o estado de Unidade provocado pela suspensão do funcionamento da mente, aonde não há percepções sensoriais, somente a meditação abstrata, a autocontemplação ou a autorrealização ou iluminação.

Patanjali, em seus Yoga Sutras (1.02), diz “yogaś-citta-vr̥tti-nirodhaḥ” = Yoga é o recolhimento (restrição) das modificações da mente.

Agora, como é que a restrição da atividade mental leva a essa União Suprema? Nosso Ser, ou Atman, projetou e possui uma mente. Essa mente, dotada de inúmeras capacidades, é um agente extremamente útil e necessário para a vida manifesta, mas ela não é o Ser. Como diz Dhyan Prem, citando Eckhart Tolle: “Você tem uma mente, mas você não é a sua mente”. Ocorre que a mente, ao realizar e automatizar toda a interação com o mundo exterior, passa a se considerar, juntamente com os corpos físico e energético, como sendo o eu, individual, separado do outro, constituindo assim o ego. Mas o Ser Real não é individual nem sequer mental. Só quando você sossega a sua mente e o ego alimentado por ela, o Eu real e começa a ser percebido, nunca antes disso, pois o Eu real não pode ser mental. Então, em diferente níveis, vai-se estabelecendo essa União, que na Índia é chamada de Yoga.

Membros do Yoga

Os textos antigos, como os Yoga Sutras de Patanjali e algumas Upanishads do Yoga, referem-se a oito angas (“membros”; passos ou pilares) do Yoga:

  1. Yama – Conduta
  2. Niyama – Virtude
  3. Asana – Postura
  4. Pranayama – Controle da Força Vital
  5. Pratyahara – Interiorização
  6. Dharana – Concentração
  7. Dhyana – Meditação
  8. Samadhi – União ou autorrealização

Todos eles desenvolvem vairagya (desapego e futuro destacamento), especialmente das coisas dos mundos manifestos. Vairagya é um pré-requisito da autorrealização.

O Yoga é um dos seis darshanas (pontos de vista, sistemas) ortodoxos das Religiões Hindus. São eles: Mimamsa, Samkhya, Yoga, Vedanta, Nyaya e Vaisheshika.

“Agora, Aquilo [ou Isto] que é a essência sutil – Nele, tudo o que existe tem o seu Ser. Aquilo é a Verdade. Aquilo é o si mesmo. Tu és Aquilo…”

Chandogya Upanishad 6.VIII.7

Tipos de Yoga

“Cada homem é potencialmente divino.
A meta é manifestar essa divindade interior controlando a natureza, externa e interna.
Faça isso por meio do trabalho, da adoração, do controle psíquico ou da filosofia
por um ou mais ou todos esses caminhos –
e seja livre.

Eis toda a religião. Doutrinas, dogmas, rituais, livros, templos e formas são apenas detalhes secundários.”

Swami Vivekananda

Todas as técnicas científicas que resultam em união do ser com o Todo podem ser classificadas como yoga. Os caminhos básicos para realizar essa união que levaram o nome de Yoga são:

🔷 Bhakti Yoga – o yoga da devoção, do amor. Ligado ao Vedanta.

🔷 Hatha Yogamente sã num corpo são; com a conquista do corpo e o aquietamento da mente, o yoga é mais facilmente realizável.

🔷 Japa Yoga ou Mantra Yoga – é o método de autorrealização através de recitações de mantras e hinos, com a base teórica da simbologia e significado dos diversos sons, manifestações, elementos, chakras, devas, etc., que permitem ao praticante atingir estados elevados ou o samadhi.

🔷 Jnana Yoga – o yoga do conhecimento ou do autoconhecimento. A técnica meditativa de autoinquirição Atma-Vichara – Quem sou eu?, de Ramana Maharshi é uma aplicação prática deste yoga. Ligado ao Vedanta.

🔷 Karma Yoga – o yoga da renúncia ao ego e a seu karma, bom ou ruim, ou seja, aos resultados da ação (do trabalho, etc.). Ligado ao Vedanta.

🔷 Kriya Yoga – yoga de movimentos (kriyas): um método com exercícios próprios de movimentos que geram energizações que estimulam o prana dentro do corpo, combinados com Nada Yoga e exercícios de concentração e meditação.

🔷 Kundalini Yoga (Tantra Yoga) – É um método de iluminação ou dissolução (laya) do eu no Todo através da Shakti (Kundalini) e seu caminho pelos chakras. É o yoga do retorno ao estado primordial ou uno com a existência pelo caminho reverso da criação (portanto, do mais denso ao mais sutil), em movimento ascendente através dos chakras e seus elementos. Possui pontos e técnicas em comum com o Raja Yoga, o Hatha Yoga, o Kriya Yoga e o Jnana Yoga, tendo práticas físicas, mentais, energéticas, intelectuais e meditativas.

🔷 Laya Yoga – Laya, em sânscrito, significa dissolução. Laya Yoga é o caminho que leva a criação, dentro do corpo humano, a retornar e dissolver-se no estado original anterior à manifestação de prakriti como matéria (5 elementos) e mente, aonde ela, prakriti, estava jungida, unida a Purusha como Supremo Espírito. É, assim, o caminho para a dissolução da mente e da individualidade (ego) no Todo.

🔷 Nada Yoga – O yoga da concentração e meditação no som interior ou primordial, denominado Nada.

🔷 Raja-Yoga – o yoga régio (real), o caminho da meditação.

🔷 Tapas Yoga – “No antigo Tapas Yoga, o iogue ou a ioguini fazia práticas muito duras de austeridade, como jejuns extremamente rigorosos, ou ficar durante anos sem se deitar.” Roberto de Andrade Martins, na apresentação do curso Mokṣa [Moksha]: uma visão histórica do Yoga na Índia.

Todos estes são caminhos, métodos, pois o destino e resultado final é o mesmo: a União (o Yoga). Você pode realizar Yoga por um ou mais desses métodos; a principio escolha o que mais combina com seu temperamento, condição atual de vida e disponibilidade de tempo, e aprofunde-se nesse método.

As práticas dos diversos tipos de yoga costumam entrelaçar-se, mesclar-se. Por exemplo, há muitas práticas comuns aos Hatha Yoga e Kundalini Yoga, além de que a essência deste último é Laya Yoga. As bases de todos estes são as mesmas do Raja-Yoga, que por sua vez tem na meditação seu centro de gravidade, bem como o Jnana Yoga, o Nada Yoga e o Kriya Yoga. E no mundo atual, não há iogue que não pratique ou que não tenha praticado Karma Yoga e ou Bhakti Yoga.

Os yogas estão sendo expostos pouco a pouco aqui no site e já o estão, de forma ampla, nas referências bibliográficas (livros e manuscritos) listadas. E aqui, tudo que você encontrar, seja de qualquer religião, é yoga, pois tudo é yoga e yoga é para todos.

O curso Mokṣa [Moksha]: uma visão histórica do Yoga na Índia fornece uma visão histórica e aprofundada dos diversos tipos de yoga.

Yogas / Práticas auxiliares

🔷 Oshadhi Yoga: Yoga das plantas ou das ervas. Nela, preparações de ervas são administradas para curar desequilíbrios energéticos e problemas de saúde, dos mais sutis – como da mente – aos mais densos – já manifestados no corpo como doença. É o estudo e conhecimento dos recursos naturais nativos e ancestrais para cura e desenvolvimento, que ajudam nos diversos tipos de yoga. Equivale à Fitoterapia, ao menos àquela praticada com o mesmo respeito e integração com à Mãe Terra dos povos antigos.

🔷 O yoga da comida

Derivações modernas do Hatha Yoga

Mestres modernos desenvolveram algumas formas de execução das práticas do Hatha Yoga, sobretudo das asanas. Algumas delas são:

🔷 🔹 Ashtanga Vinyasa Yoga – é um estilo de yoga como exercício criado por K. Pattabhi Jois durante o século 20, com estilo quente e energético, sincronizando a respiração com os movimentos. As poses individuais (asanas) são ligadas por movimentos fluidos (vinyasas).

🔷 🔹 Iyengar Yoga – desenvolvido por B. K. S. Iyengar, é uma forma de Hatha Yoga que enfatiza detalhes, precisão e alinhamento no desempenho das posturas de yoga (asanas). O estilo geralmente usa adereços, como cintos, blocos e cobertores, como auxiliares na realização das asanas. Os adereços permitem que os alunos executem as asanas corretamente, minimizando o risco de lesões ou tensão. Aulas de Iyengar Yoga são indicadas a todos os praticantes de Hatha Yoga, desde iniciantes, idosos ou pessoas com limitações físicas até aqueles que já praticam-na há algum tempo que muitas vezes, consciente ou inconscientemente, cometem diversos erros ou imprecisões na realização das posturas, o que tende a diminuir seus resultados.

✍ Reflexões do Yoga

Manuscritos do Yoga

Alguns manuscritos importantes elaborados por diversos sábios e rishis a respeito do yoga são as Yoga Upanishads e:

  • Bhagavad Gita: o principal texto sobre yoga.
  • Shiva Samhita: é um texto sobre yoga de autoria desconhecida, cuja composição é estimada entre os séculos 14 e 17. O texto é uma descrição de uma exposição de Shiva à sua consorte Parvati. O Shiva Samhita possui cinco capítulos, sendo o primeiro um tratado que resume o Vedanta darshana não dual (Advaita Vedanta) com influências da escola Sri Vidya do sul da Índia. Os capítulos restantes discutem o yoga, a importância de um guru (professor) para um aluno, vários asanas, mudrás e siddhis (poderes) alcançáveis através do Yoga e do Tantra. (Wikipedia/EN / tradução)
  • Yoga Sutras de Patanjali: são um texto consagrado do Raja Yoga, que descreve a ciência conhecida por esse nome, mas que exerce influência sobre o yoga como um todo, pela correspondência de diversos conceitos, estágios, estados e práticas comuns a diversos yogas, como seus oito angas (“membros”; passos ou pilares).

Comentários e explanações dos Yoga Sutras

  • Yoga Bhashya: comentários/explanações dos Yoga Sutras. Os estudiosos conferem a autoria deste texto ao sábio Vyasa ou ao próprio Patanjali. (Disponível na tradução do site MokshaDharma)
  • Yoga-Varttika: comentários/explanações de Vijnana Bhikshu aos Yoga Sutras de Patanjali. Data do século 16.
  • Maniprabha: comentários/explanações de Ramananda Sarasvati aos Yoga Sutras de Patanjali.
  • Introdução, tradução e comentários dos Yoga Sutras de Patanjali por Swami Vivekananda.

Yoga Upanishads

As 20 Upanishads consideradas como as Upanishads do Yoga são:

Manuscritos do Vedanta

As práticas de Bhakti Yoga, Jnana Yoga e Karma Yoga são yogas vedânticos, cuja natureza é definida no trio de antigos manuscritos (prasthanatrayi) composto por:

Manuscritos que tratam do Hatha Yoga

Há também três manuscritos importantes que tratam principalmente da exposição e explanação das práticas do Hatha Yoga:

Vídeo

  • Youtube Vedanta e sua relação com o Yoga: neste vídeo, o Prof. Roberto de Andrade Martins, do site e canal Shri Yoga Devi, faz uma longa exposição sobre os pontos fundamentais do Vedanta, do Advaita Vedanta e do Yoga, não sem antes apresentar uma visão geral sobre as obras indianas mais antigas e o desenvolvimento desses e outros caminhos ou darshanas, o que torna o vídeo uma interessante fonte de informações para todos que desejam se aprofundar no conhecimento deles.

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