A figura de um mestre

“Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece.” Esse axioma tem sido repetido por inúmeras pessoas que alcançam certo grau de clareza consciencial por retratar a própria experiência pessoal.

Um desses gurus, Vishuddhananda Paramahansa esclarece a Paul Brunton (publicado no livro deste, A Índia Secreta) queo homem deve estar em condições de receber a Luz para suportá-la. Então, onde ele estiver, o mestre esperado aparece por si mesmo, se não em carne e osso, ao menos diante dos olhos do espírito.”

Na Índia, a busca e necessidade de um mestre autorrealizado, iluminado, que pudesse acompanhar a evolução espiritual era cultural e essa procura iniciava-se muitas vezes ainda na infância ou adolescência. O relacionamento mestre-discípulo era estreito: os aprendizes chegavam a morar na casa do mestre para sua devida instrução. Hoje, isso ainda ocorre, mas não tão generalizadamente, lá, como também em todo o mundo buscadores da verdade procuram aqueles em estágios mais avançados para aprendizado e desenvolvimento.

Cabe ressaltar que o mestre era uma figura de caráter exclusivo: o discípulo poderia ter vários professores, mas somente um mestre.

O tema Necessidade de um mestre sempre rendeu alguma discussão, então é necessário ponderar alguns fatores:

  • Todos nós temos muitos professores; até as pessoas mais simplórias, plantas, animais, situações, etc. se tornam professores de pequeninas – ou grandes – matérias da vida.
  • Para chamar de mestre nesse sentido da palavra deveríamos considerar somente os seres autorrealizados, iluminados, aqueles que conheceram a Verdade. Mas onde eles estão? Talvez descubramos que existem poucos iluminados encarnados comparados com o número de potenciais discípulos, e o relacionamento pessoal, in loco, com todos eles torna-se impossível. O número de iluminados encarnados não parece tão limitado, só em pequeno, ainda, em relação aos discípulos.
  • Marajá Sahabji relata a Paul Brunton (cf. livro A Índia Secreta, de 1934 deste) que “um guia é absolutamente indispensável; contar apenas consigo no plano transcendente é uma coisa praticamente impossível”.
    • Um comentário sobre essa frase foi desenvolvido na página sobre o chá Ayahuasca.
  • Paramahansa Yogananda, que ansiava por seu mestre desde tenra idade e de fato o encontrou, foi um desses gurus que percebeu que faltariam mestres para a propagação espiritual que estava começando a tomar conta do ocidente na década de 1920, e organizou o sistema de ensino do yoga de sua linhagem (uma forma de Kriya Yoga) de forma que pudesse ser transmitido fielmente após o seu desencarne, além de ter realizado inúmeros estudos e proferido ensinamentos e palestras que viraram livros, que se somaram àqueles que ele já havia redigido.
  • Por outro lado, Swami Sivananda afirma que o contato pessoal com um mestre autorrealizado é fundamental para atingir determinados estágios evolutivos. Ele, que deixou um legado de inúmeros livros ensinando técnicas e condutas para a evolução, advertia que um guru exerce um papel crucial no caminho espiritual. Um guru iluminado pode, por exemplo, no momento certo, envolver-nos em sua energia, fazendo-nos deparar com níveis de consciência que dificilmente conseguiríamos sozinhos, níveis estes que servem de motivação e mostram o caminho para chegarmos a eles por nossa conta.
  • Hoje, eleger alguém para este papel de mestre e coordenador de suas lições e caminhos espirituais pode ser algo temerário, a não ser que você esteja pronto. O consolo é que você sempre estará pronto para aquilo que está no seu nível de evolução ou clareza consciencial, então você não deve atrair nada que não esteja em um nível espiritual parecido com aquele que você está se colocando; recebemos o que merecemos ou precisamos.
  • Talvez o mais prudente seja considerar todos os possíveis mestres como meros professores, mesmo que algum deles não admita que você especule outras possibilidades e linhas de pensamento diversas às dele, até que tenhamos lucidez suficiente e também as provas que realmente estamos na companhia de um ser iluminado que pode nos ajudar a chegar no mesmo estágio. O que ocorre em alguns casos é que os professores te conduzem ao estágio deles, mas só até onde eles mesmos chegaram, e se não for o estágio máximo, você ficará por ali até perceber que existe algo mais. Então, evitar o fanatismo é sempre prudente.

Quem é o verdadeiro mestre?

O professor é o nosso próprio coração

Provérbio Cheyenne

Nunca se esqueça que, em última instância, todos nós somos mestres e também somos seres iluminados, mas não sabemos ou esquecemos disso. Encontre o mestre em seu próprio Eu (superior), Seu Atman, ou seja, seu Ser, Sua Alma. Não confundir aqui Ser ou Alma com seu espírito no sentido de separatividade, ou seja, aquele dotado de uma mente e logo um ego; estamos falando de seu Ser que transcende essa identificação separatista. Somos o Absoluto, Brahman, mas só o somos se reconhecermos que o que é Brahman não sou eu ou você como personalidade individual; só atingimos essa consciência quando esse sentido de ego morre ou se torna inútil para nós. Tudo que aprendemos no mundo dos fenômenos, podemos aprender de nossa própria alma, quando tivermos alcançado o estágio adequado para isso, e já não precisaremos de guias. Entretanto, livros, professores e mestres te ajudam a alcançar esse grau.

Para aquele que já atingiu a consciência do Ser, não há mestre nem discípulo, somente personalidades ou, melhor dizendo, papéis a serem interpretados. Um verdadeiro guru – que significa dissipador de trevas -, verdadeiramente, não é mais o Sr. Fulano de Talananda, mas o próprio Ser, a Realidade, etc. Eles já realizaram a realidade fundamental, a Existência, o Ser, e entenderam que o universo manifesto é uma projeção mental, que criou este domínio mental, mas que não é a Realidade Última. Daí muitos deles dizerem que este universo manifesto e todos seus planos mais sutis e mais densos, não são mais do que uma projeção, como que cinematográfica, um sonho ou uma alucinação mental.

Mesmo aqueles que estão transcendendo esse sentido de ego talvez pensem que ter ou não um mestre, tanto faz, eles já compreenderam que a separatividade – o “eu”, “você”, “ele” é ilusão, então “que mestre???” – e que a iluminação virá: “se realmente aparecer um mestre autorrealizado de sua natureza divina que a acelere, ótimo; senão, seguirei melhorando e sendo digno de sintonizar com seres cada vez mais evoluídos, estando eles encarnados ou não, até retornar para Casa.”

Faça perguntas do seu coração, e você vai receber a resposta do coração

Provérbio Omaha

O mestre está dentro de você!

Você poderia afirmar que está totalmente satisfeito com a sua vida, que não precisa viver nem um minuto a mais, pois já fez tudo que tinha que fazer? Você está livre de toda ansiedade, angústia, tristeza, sofrimento, ódio e inveja? Já se libertou do seu próprio ego? Se ainda não se livrou de todo esse lixo que paira a seu redor, de todo esse veneno dentro do seu ser, você realmente tem muita coragem para dizer que quer salvar a humanidade.

Osho, em Vivendo Perigosamente, p. 111.

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